09. Governador de Minas Gerais (1951 - 1955)

  • Getúlio Vargas, Juscelino Kubitsheck, Danton Coelho (atrás de Kubitsheck) e Gregório Fortunato (no canto esq.), entre outros. S.I., 1951. FGV/CPDOC. Arq. Getúlio Vargas.
  • Milton Campos discursa durante transmissão do cargo de governador de Minas Gerais a Juscelino Kubitsheck. Belo Horizonte, 31 de janeito de 1951. Memorial JK
  • Juscelino Kubitsheck é aclamado no dia de sua posse no governo de Minas Gerais. Belo Horizonte, 31 de janeiro de 1951. Memorial JK.
  • O governador Juscelino Kubitsheck e seus secretários, entre eles Geraldo Starling Soares (1° da esq.) e José Maria Alkmin (4°). Minas Gerais, entre 1951 e 1955. Memorial JK.
  • Juscelino Kubitsheck durante a inauguração da usina hidrelétrica de Itutinga. Atrás, o deputado federal Tancredo Neves e o vice-presidente da Cemig, John Reginald Cotrim. Minas Gerais, 3 de fevereiro de 1955. FGV/CPDOC. Arq. Tancredo Neves.
  • Getúlio vargas e Juscelino Kubitsheck, entre outros, durante a inauguração da Mannesmann, em Contagem. Minas Gerais, 14 de agosto de 1954. Revista O Cruzeiro. Foto Eugênio Silva.
  • Ferroviários saúdam o governador Juscelino Kubitsheck. S.I., entre 1951 e 1955. Memorial JK.
  • Juscelino Kubitsheck, com uniforme de tenente-coronel médico da Polícia Militar mineira, com o comandante Nélio Cerqueira e outros, após deixar o governo de Minas Gerais. S.I., entre março e abril de 1955. Arquivo Público do estado de São Paulo/Última Hora.

Juscelino Kubitschek assumiu o governo de Minas em 31 de janeiro de 1951. Na mesma data, Getúlio Vargas foi empossado na presidência da República. Ao formar seu secretariado, Juscelino recrutou José Maria Alkmin para a Secretaria de Finanças, Pedro Braga para a do Interior, Tristão da Cunha para a da Agricultura, José Esteves Rodrigues para a da Viação e Obras Públicas, Mário Ladeira para a da Saúde e Odilon Behrens para a de Educação. Por sua indicação, Vargas nomeou para o Ministério da Justiça Francisco Negrão de Lima.

Tendo como meta prioritária retirar Minas da posição de estado agropastoril e lançá-la num processo de industrialização, a despeito de uma situação financeira precária produzida por uma dívida volumosa, Juscelino desdobrou seu plano inicial em duas etapas: a) eletrificação e construção de estradas; e b) industrialização. O plano relativo à energia elétrica previa, em linhas gerais, o estímulo à iniciativa privada e, através de uma política tarifária de incentivo a novas inversões, o estabelecimento de um fundo de eletrificação.

Logo no início de seu governo, Juscelino deu impulso a importantes empreendimentos no setor elétrico, destacando-se a elaboração do projeto de construção da usina de Salto Grande, no rio Santo Antônio, e o início das obras da usina de Itutinga - para abastecimento das regiões do oeste e do sul do estado - e da barragem de Cajuru, destinada a ampliar o potencial energético da capital. Para a realização destas e de outras obras, o governo incentivou a formação de companhias de economia mista de caráter regional - a primeira delas foi a Companhia do Médio Rio Doce.

Partindo da organização das sociedades regionais e entrosando-as umas com as outras, em setembro de 1951 Juscelino formou uma holding, a Centrais Elétricas de Minas Gerais (Cemig), organizada em curto espaço de tempo. A constituição da empresa foi em grande parte financiada com recursos da iniciativa privada, do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Para a presidência da companhia, Juscelino indicou o engenheiro Lucas Lopes. No período de 1952 a 1956, a Cemig realizaria a implantação do sistema elétrico para o atendimento das indústrias. Posteriormente, estenderia seus serviços às cidades e vilas do interior mineiro.

Lançadas as bases da eletrificação, Juscelino empenhou-se em promover a industrialização do estado. Com o objetivo de construir uma usina siderúrgica em Minas, mas tendo que enfrentar a falta de recursos, procurou atrair um grupo financeiro do exterior através de concessões de natureza fiscal. O grupo escolhido foi a organização siderúrgica alemã Mannesmann, cuja usina seria instalada na cidade de Contagem, nos arredores de Belo Horizonte.

Quanto aos transportes, seu programa tinha por objetivo fazer a ligação rodoviária entre as regiões do estado, que se mantinham até então isoladas umas das outras. Com recursos do Fundo Rodoviário Nacional e do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), além de um convênio firmado com a empresa francesa Impex, Juscelino construiu, ao longo de seu mandato, 16 estradas-tronco, num total de 3.087km, que não só permitiram a integração das várias regiões de Minas, como facilitaram o acesso aos estados vizinhos.

Outra iniciativa importante foi a constituição, em 1951, do Departamento de Viação Aérea de Minas Gerais, cuja finalidade seria coordenar as ações para a criação de uma rede aeroviária estadual. No final do governo, Minas já contava com 75 campos de pouso em condições de receber aviões de porte médio.

O desenvolvimento do setor agropecuário foi garantido com a abertura de novas linhas de crédito e a concessão de empréstimos a baixo custo aos produtores. Foram criadas a Fertisa - Fertilizantes de Minas Gerais S.A. e a Frigias - Companhia de Frigoríficos de Minas Gerais, esta última inaugurada somente em 1959, quando Juscelino já ocupava a presidência da República.

Além dessas realizações, Juscelino construiu 120 postos de saúde, 137 prédios escolares, duas faculdades de medicina, uma de direito, uma de farmácia e odontologia, cinco conservatórios de música, uma escola de belas-artes e 251 pontes.

Em 31 de março de 1955, Juscelino Kubitschek desincompatibilizou-se do governo de Minas a fim de lançar sua candidatura à presidência da República, tendo em vista as eleições de outubro seguinte. Foi substituído no cargo pelo vice-governador Clóvis Salgado.