04. Deputado Federal (1935 - 1937)

  • Juscelino Kubitsheck (ao fundo), Benedito Valadares (na cabeceira da mesa), Gustavo Capanema (à sua esq.) e outros políticos situacionistas mineiros em reunião no Banco Mineiro do Café. Minas Gerais, 1 de setembro de 1936. FGV/CPDOC. Arq. Gustavo Capanema.
  • Getúlio Vargas (sentado0 e Juscelino Kubitsheck (de frente, no canto dir.), entre outros. Poços de Caldas (MG), entre fevereiro e março de 1937. FGV/CPDOC. Arq. Getúlio Vargas.

Juscelino Kubitschek tomou posse como deputado federal em maio de 1935. Licenciou-se do Hospital Militar e da Santa Casa de Misericórdia em Belo Horizonte e transferiu-se para o Rio de Janeiro, então capital da República.
Por solicitação do governador Benedito Valadares, na madrugada de 27 de novembro de 1935, quando eclodiu no Rio de Janeiro o levante comunista articulado pela Aliança Nacional Libertadora, Juscelino ordenou ao coronel João de Mendonça Lima, diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, que fosse retido em Minas o expresso que deveria partir às seis horas para a capital federal. O objetivo de Valadares era aproveitar o comboio, como de fato o fez, para enviar tropas mineiras para reforçar a guarnição federal na repressão ao movimento.

Interessado em conquistar a chefia política de Diamantina, tendo em vista as eleições municipais de 1936, Juscelino desenvolveu naquele município ampla campanha em favor dos candidatos a vereador do Partido Progressista de Minas Gerais (PP), bem como da candidatura de Joubert Guerra à prefeitura. Além de percorrer os 15 distritos do município, utilizou como estratégia para angariar votos em visitas pessoais a inúmeros eleitores da cidade. Conseguiu eleger 11 dos 15 vereadores distritais, o que garantiu o cargo de prefeito a Joubert Guerra, e tornou-se desse forma o chefe político do município.

Em fins de fevereiro de 1937, em meio aos debates sobre a sucessão presidencial a ser disputada em janeiro do ano seguinte, Juscelino foi incumbido por Valadares de comunicar a José Américo de Almeida que Minas apoiaria sua candidatura à presidência da República. Durante o encontro, Juscelino decidiu, por iniciativa própria, apelar ao político paraibano para que este assegurasse desde logo seu apoio ao futuro candidato do governo à sucessão mineira, já que as eleições estaduais se realizariam quase imediatamente após a posse do presidente a ser eleito. Embora José Américo tenha rejeitado a proposta na ocasião, argumentando que preferia manter uma posição de neutralidade em relação às sucessões estaduais, no dia seguinte declarou a Juscelino que estava disposto a acatá-la.

Em 25 de maio de 1937 foi lançada oficialmente a candidatura de José Américo, para concorrer com a de Armando Sales, governador de São Paulo, que fora indicada pelo Partido Constitucionalista e tinha caráter de oposição ao governo federal.
Entretanto, em setembro, discordando das idéias apregoadas por José Américo durante sua campanha e percebendo o anseio de Getúlio Vargas de permanecer no poder, Valadares decidiu retirar seu apoio ao candidato. Endossou, assim, as idéias continuístas do presidente, que contava com o apoio dos altos escalões militares, e participou das articulações golpistas que permitiriam a Vargas permanecer no poder.

Por repudiar a idéia do golpe que provocaria a derrocada das instituições democráticas, Juscelino procurou demover Valadares, mas não teve êxito. Em princípios de novembro, ao tomar ciência de que o golpe seria deflagrado no dia 10 daquele mês, tratou assim de retomar suas atividades de médico e retornou a seu consultório, que havia emprestado a um colega, Célio de Oliveira.

Alegando a necessidade de pôr fim à agitação reinante no cenário político, em 10 de novembro de 1937 Vargas instituiu o Estado Novo e assumiu poderes ditatoriais. Juscelino perdeu seu mandato na Câmara, mas Valadares, assim como a grande maioria dos governadores, permaneceu no governo de seu estado, na condição de interventor.