Tristão da Cunha

Tristão Ferreira da Cunha nasceu em Teófilo Otoni (MG) no dia 27 de julho de 1890, filho de Benjamim Ferreira da Cunha e de Ana Esteves Percini da Cunha.

Em 1914, bacharelou-se em direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, especializando-se em economia política, ciência das finanças e direito público. De volta a Teófilo Otoni, atuou como promotor público e como advogado, e elegeu-se vereador à Câmara Municipal em 1916. Entre 1922 e 1924, durante o governo de Raul Soares de Moura, foi oficial-de-gabinete do secretário estadual de Finanças, Augusto Mário Caldeira Brant.

Em outubro de 1934, elegeu-se deputado à Assembléia Constituinte de Minas Gerais na legenda do Partido Republicano Mineiro (PRM). Tristão da Cunha exerceu o mandato até 10 de novembro de 1937, quando o advento do Estado Novo suprimiu todos os órgãos legislativos do país. Tornou-se então opositor do regime e, transferindo-se para o Rio de Janeiro, empregou-se como professor de alemão no Colégio Pedro II e de economia e estatística no Colégio Universitário da Universidade do Brasil.

Em outubro de 1943, foi um dos signatários, entre outros importantes nomes da política de Minas Gerais, do chamado Manifesto dos mineiros. Reivindicando a democratização do país, o documento representou a primeira manifestação ostensiva de oposição ao Estado Novo partida de lideranças políticas liberais e conservadoras. Com a aplicação de sanções governamentais contra os signatários do manifesto, Tristão da Cunha foi afastado do cargo de professor do Colégio Pedro II.

Após a queda do Estado Novo em 1945, exerceu de agosto a novembro de 1946 o cargo de secretário de Educação e Saúde Pública de Minas Gerais no governo do interventor Júlio Ferreira de Carvalho. Nesse período, criou o concurso de títulos para a nomeação de professores do ensino primário.

Após a promulgação da nova Constituição (18/9/1946) e a transformação da Assembléia Nacional Constituinte em Congresso ordinário, realizou-se, em janeiro de 1947, eleição suplementar para preenchimento de vagas na Câmara dos Deputados. Eleito deputado federal por Minas Gerais na legenda do Partido Republicano (PR), que ajudara a reestruturar, exerceu o mandato até abril de 1950. Reeleito em outubro, assumiu o mandato em fevereiro de 1951, mas licenciou-se da Câmara de março desse ano a março de 1953 para ocupar o cargo de secretário da Agricultura, Indústria e Comércio de Minas Gerais no governo de Juscelino Kubitschek (1951-1955). Reconduzido à Câmara na eleição de outubro de 1954, licenciou-se novamente de abril de 1955 a julho de 1958 para assumir a Secretaria de Finanças de Minas Gerais durante os governos de Clóvis Salgado (1955-1956) e de Bias Fortes (1956-1961).

Mais uma vez reeleito em outubro de 1958, por ocasião dos debates sobre o desenvolvimento econômico brasileiro realizados durante a legislatura, defendeu teses monetaristas. No pleito de outubro de 1962, foi candidato a senador pelo PR mas não conseguiu se eleger. Concluiu o mandato de deputado em janeiro de 1963.

Após o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs o presidente João Goulart, foi nomeado pelo presidente Humberto Castelo Branco para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), cuja presidência ocupou de junho de 1964 até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 3 de janeiro de 1974.

Foi casado com Júlia Versiani Ferreira da Cunha, com quem teve sete filhos.