Olímpio Mourão Filho

  • Olímpio Mourão Filho (com cachimbo) durante a Cruzada Democrática da Polícia Militar. S.I., entre março de 1952 e março de 1954. FGV/CPDOC, Arq. Cordeiro de Farias.

Olímpio Mourão Filho nasceu em Diamantina (MG) no dia 9 de maio de 1900, filho de Olímpio Júlio de Oliveira Mourão e de Mariana Correia Rabelo Mourão.

Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, e saiu aspirante-a-oficial em 1921. Em julho de 1924, quando servia no 14º Batalhão de Caçadores (BC), sediado em Florianópolis, participou da repressão ao levante tenentista deflagrado na capital paulista.

Em outubro de 1930, encontrando-se no Distrito Federal, envolveu-se na conspiração liderada por oficiais graduados das forças armadas que depuseram Washington Luís, antecipando-se às forças revolucionárias que partiram do sul do país em direção à capital federal, sob a liderança de Getúlio Vargas. Foi, então, enviado a Belo Horizonte pelos líderes da junta militar que assumiu o controle do governo federal para conferenciar com o presidente mineiro, Olegário Maciel, sobre a transferência do poder a Vargas.

Em julho de 1932, participou da repressão à Revolução Constitucionalista deflagrada em São Paulo. No final desse ano, ingressou na recém-fundada Ação Integralista Brasileira (AIB), organização inspirada no fascismo e liderada pelo escritor Plínio Salgado. Responsabilizou-se pela organização da milícia integralista em moldes semelhantes aos do Exército, conferindo à AIB uma estrutura paramilitar. Em julho de 1937, tornou-se membro da Câmara dos Quatrocentos, órgão consultivo da chefia nacional da AIB.

Ainda em 1937, quando servia no Estado-Maior do Exército e dirigia o serviço secreto da AIB, redigiu o Plano Cohen, documento falsamente atribuído à Internacional Comunista (Komintern), no qual era traçada uma suposta estratégia de tomada do poder pelos comunistas no Brasil. Esse documento foi, com a conivência de altos dirigentes da AIB e das forças armadas, amplamente divulgado pelo governo brasileiro e se constituiu no pretexto principal utilizado por Vargas para implantar a ditadura do Estado Novo.

Embora intimamente ligado à AIB, não participou do levante integralista promovido em maio de 1938 contra o governo federal, que havia decretado o fechamento da entidade junto com as demais organizações partidárias do país.

Em fevereiro de 1945, integrou o 5º Escalão da Força Expedicionária Brasileira (FEB), enviado à Itália para auxiliar as forças aliadas em luta contra as potências do Eixo, na Segunda Guerra Mundial.

Nos anos seguintes, deu seqüência a sua carreira militar e, em 1956, chegou ao generalato. Em 1957, tornou-se diretor da Assistência Social do Exército, cargo que acumulou com o de presidente da Comissão Técnica de Rádio do Ministério da Viação e Obras Públicas. Nessa função, que exerceu durante o governo de Juscelino Kubitschek, foi o responsável pela execução da proibição de acesso ao rádio e à televisão do deputado Carlos Lacerda, líder da facção oposicionista mais aguerrida. Foi exonerado do ministério em fevereiro de 1961, logo após a posse de Jânio Quadros na presidência da República.

Durante o governo do presidente João Goulart (1961-64), desenvolveu intensa atividade conspirativa, mantendo contatos tanto nos meios militares como civis. Em março de 1964, quando exercia o comando da 4ª Região Militar e da 4ª Divisão de Infantaria do I Exército, com sede em Juiz de Fora (MG), deu início ao movimento de tropas que afastou Goulart da presidência. Em setembro daquele ano, foi nomeado ministro do Supremo Tribunal Militar (STM), cargo que ocuparia até 1969, quando se aposentou. Discordando dos rumos tomados pelo regime militar, não demorou muito para dele se afastar, com críticas ao presidente Castelo Branco.

Casou-se em primeiras núpcias com Almira Linhares Mourão, com quem teve duas filhas, e em segundas núpcias com Maria Tavares Bastos, com quem teve três filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 28 de maio de 1972.