João Goulart

  • Juscelino Kubitsheck, João Goulart e Ernani do Amaral Peixoto no Palácio do Catete. Rio de Janeiro, 21 de Março de 1960. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.

João Belchior Marques Goulart nasceu em São Borja (RS) no dia 1º de março de 1919, filho de Vicente Rodrigues Goulart e de Vicentina Marques Goulart. Desde criança recebeu o apelido de Jango, comum no sul do país. Formado em direito em 1939, não quis exercer a advocacia e regressou a São Borja para dedicar-se a atividades agropecuárias. Em 1943, com a morte do pai, assumiu definitivamente a responsabilidade de gerir os negócios da família.

Iniciou-se na política por intermédio de Getúlio Vargas, que voltou para São Borja após o fim do Estado Novo. Filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), elegeu-se deputado à Assembléia Legislativa estadual em janeiro de 1947. Nas eleições de 1950, elegeu-se deputado federal e foi um dos coordenadores da campanha de Vargas para a presidência da República. Foi empossado na Câmara dos Deputados em fevereiro de 1951, mas logo licenciou-se do mandato para assumir a Secretaria do Interior e Justiça do Rio Grande do Sul no governo de Ernesto Dornelles.

Em maio de 1952 assumiu a presidência nacional do PTB e reassumiu sua cadeira na Câmara. Voltou a se licenciar do mandato em junho de 1953, quando foi nomeado por Vargas para o Ministério do Trabalho. Foi exonerado da pasta em janeiro de 1954, em meio a pressões contra seu projeto de duplicação do salário mínimo.

Em outubro de 1955, elegeu-se vice-presidente da República na chapa encabeçada por Juscelino Kubitschek, do Partido Social Democrático (PSD). Empossado em janeiro do ano seguinte, assumiu também, por força de dispositivo constitucional, a presidência do Senado Federal. Exerceu, durante a gestão de Kubitschek, grande influência na área trabalhista, indicando nomes para o Ministério do Trabalho e intermediando as negociações do governo com os sindicatos.

Em 1960, foi reeleito vice-presidente da República, apoiado novamente pela coligação PSD-PTB. O candidato a presidente da coligação, general Henrique Teixeira Lott, não foi, contudo, bem-sucedido e foi derrotado por Jânio Quadros. Com a renúncia de Jânio em agosto de 1961, abriu-se uma grave crise no país, já que os ministros militares recusaram-se a aceitar a posse de Goulart na presidência. A solução para o caso veio com a aprovação do parlamentarismo pelo Congresso Nacional, o que limitava os poderes presidenciais, mas permitiu a posse de Goulart no dia 7 de setembro.

A vigência do parlamentarismo, no entanto, seria curta. O plebiscito de janeiro de 1963 determinou o retorno ao sistema presidencialista. Se, por um lado, a medida serviu para aumentar os poderes de Goulart, por outro, aumentou também a insatisfação com seu governo, principalmente entre os setores militares, que não viam com bons olhos seu passado getulista e suas propostas de reforma social.

Jango foi deposto por um golpe militar deflagrado no dia 31 de março de 1964. Optando por deixar o país, no dia 4 de abril desembarcou no Uruguai em busca de asilo político.

Em 1966 integrou a Frente Ampla, em conjunto com Juscelino e Carlos Lacerda. Dois anos depois, com o fechamento da organização pelo governo, suspendeu suas atividades políticas. Passou então a dedicar-se à administração de suas propriedades localizadas no Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil.

Casou-se com Maria Teresa Fontela Goulart, com quem teve dois filhos. Faleceu em dezembro de 1976 em sua fazenda La Villa, no município argentino de Mercedes, sem ter conseguido regressar ao Brasil.