Celso Furtado

  • Celso Furtado (à esquerda) e Anísio Teixeira na Conferência Internacional sobre Desenvolvimento dos Estados Novos. Rehovot, Israel, entre 15 e 30 de agosto de 1960. FGV/CPDOC, Arq. Anísio Teixeira.

Celso Monteiro Furtado nasceu em Pombal (PB) no dia 26 de julho de 1920, filho de Maurício Medeiros Furtado e de Maria Alice Monteiro Furtado. Em 1944 formou-se em direito e em janeiro de 1945 embarcou para a Itália como aspirante-a-oficial da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Retornou ao Brasil em agosto de 1945 e dois anos depois viajou para a Inglaterra para um período de estudos na London School of Economics. De volta ao Brasil, foi trabalhar na Fundação Getulio Vargas. Em 1949 transferiu-se para Santiago do Chile, para trabalhar na recém-criada Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), e no ano seguinte foi nomeado diretor da divisão de desenvolvimento econômico dessa comissão.

Em 1958 foi nomeado pelo presidente Juscelino Kubitschek interventor junto ao Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN). Em janeiro de 1959, quando se realizou no Palácio Rio Negro, em Petrópolis (RJ), uma reunião convocada por Kubitschek para discutir a situação do Nordeste, que atravessava grave crise decorrente da seca, apresentou ao presidente os resultados dos estudos que vinha fazendo junto ao GTDN e recebeu a incumbência de elaborar um plano de política econômica para a região.

No mês seguinte, expôs seu trabalho, lançando a idéia de transformação do Conselho de Desenvolvimento do Nordeste (Codeno) em uma estrutura mais atuante. Essa proposta daria origem à Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), criada como meta especial do governo Kubitschek. Ainda em fevereiro de 1959 foram enviados ao Congresso Nacional o projeto de criação da Sudene, com sede em Recife.

Nomeado primeiro superintendente da Sudene, Celso Furtado foi designado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) para coordenar em Recife a instalação do novo órgão. A fim de sistematizar os trabalhos e assegurar-lhes continuidade de ação, a Sudene passou a operar em função de planos plurianuais, denominados planos diretores de desenvolvimento econômico e social do Nordeste.

Em setembro de 1962, durante a fase parlamentarista do governo de João Goulart, com Hermes Lima como primeiro-ministro, Celso Furtado foi nomeado ministro extraordinário do Planejamento. Coube-lhe preparar, no ministério, o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social. Deixou a pasta em junho de 1963 e retornou à superintendência da Sudene. Após o movimento político-militar de 31 de março de 1964, que depôs Goulart, foi afastado da direção do órgão. Com a edição do Ato Institucional nº 1 (AI-1), teve seu nome incluído na primeira lista de cassados.

No exílio, publicou livros e trabalhou como professor e pesquisador em instituições de ensino do Chile, Estados Unidos, Inglaterra e França. Com a decretação da anistia em 1979, voltou ao Brasil e dois anos depois filiou-se ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Em 1984 participou intensamente da campanha vitoriosa de Tancredo Neves para a presidência da República e foi convidado a fazer parte da comissão que elaborou o Plano de Ação do novo governo. Em outubro de 1985, indicado pelo presidente José Sarney, assumiu em Bruxelas a embaixada do Brasil junto à Comunidade Econômica Européia (CEE). Substituiu o ministro Aluísio Pimenta na pasta da Cultura em fevereiro de 1986 e permaneceu no ministério até a agosto de 1988.

Fora do governo, voltou-se novamente para as atividades literárias e acadêmicas. Passou também a integrar, como membro permanente, a Comissão de Desenvolvimento e Cultura da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 1997 tornou-se membro do Comitê de Bioética da Unesco e assumiu uma cadeira na Academia Brasileira de Letras (ABL).

Casou-se em primeiras núpcias com Lúcia Piave Tosi, com quem teve dois filhos, e em segundas núpcias com a jornalista Rosa Freire d'Aguiar.