16. Homenagens Póstumas
Quando Juscelino Kubitschek faleceu, em 22 de agosto de 1976, o presidente Ernesto Geisel determinou luto oficial por três dias, na primeira homenagem prestada por um presidente militar a um político cassado. A despeito do impedimento, previsto pelo AI-5, de qualquer movimento de massa em torno de elementos punidos pelo governo militar, a morte de Juscelino desencadeou ostensiva manifestação popular em seu louvor, tanto no Rio de Janeiro como em Brasília. No Rio, onde o corpo foi velado, três mil pessoas o acompanharam, da Editora Bloch, na praia do Russel, Flamengo, até o aeroporto Santos Dumont, de onde foi transportado para o Galeão, com destino a Brasília, onde seria sepultado. Em Brasília, 30 mil pessoas aguardaram a chegada do corpo do ex-presidente, e uma multidão de cem mil pessoas seguiu o féretro desde a Catedral até o cemitério do Campo da Esperança, entoando durante o percurso de oito quilômetros, além do Hino Nacional, o Peixe vivo, canção do folclore mineiro pela qual Juscelino tinha especial preferência.
Em abril de 1980, teve início em Brasília a construção de um monumento em homenagem a Juscelino - o Memorial JK - projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer. Em 17 de setembro, o presidente João Batista Figueiredo vetou o projeto de lei aprovado pelo Legislativo, de autoria do senador Tancredo Neves, que cancelava as punições impostas a Juscelino pelo primeiro governo revolucionário.
No mês de agosto de 1981, quando o Memorial JK já se encontrava quase concluído, ocorreram pressões de militares e de grupos de civis, com o apoio de dona Sara Kubitschek, para que o projeto fosse modificado, em virtude de ter despertado suspeitas de compor um símbolo comunista. Niemeyer, porém, com apoio da opinião pública, insistiu na manutenção do projeto, que afinal não foi alterado. Em 12 de setembro, dia em que JK completaria 79 anos, dona Sara e o presidente Figueiredo inauguraram o Memorial JK, no qual seria instalado um museu e uma biblioteca.