12. Senador Por Goiás (1961 - 1964)

  • Mobilização policial do dia da renúncia do presidente Jânio Quadros. Rio de Janeiro, 25 de agosto de 1961. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Tropas do Exército no prédio da União Nacional dos Estudantes no dia da renúncia do presidente Jânio Quadros. Rio de Janeiro, 25 de agosto de 1961. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Mobilização popular em defesa da posse do vice-presidente João Goulart após a renúncia de Jânio Quadros. Rio Grande do Sul, 27 de agosto de 1961. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Tancredo Neves, Juscelino Kubitsheck e João Goulart. Brasília, 5 de abril de 1962. FGV/CPDOC. Arq. Tancredo Neves. Agência JB.
  • Juscelino Kubitsheck, San Tiago Dantas e Tancredo Neves. S.I., entre 1961 e 10 de junho de 1964. FGV/CPDOC. Arq. Tancredo Neves.
  • Juscelino Kubitsheck encontra-se com o presidente Kennedy. S.I., 14 de dezembro de 1962. Arquivo Nacional.
  • Juscelino Kubitsheck em campanha para a presidência da República na eleição prevista para 1965. Rio de Janeiro, 27 de agosto de 1963. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Juscelino Kubitsheck em reunião do PSD. No canto direito, José Maria Alkmin. S.I., 14 de fevereiro de 1964. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Juscelino Kubitsheck discursa na Universidade do Brasil. Rio de Janeiro, 12 de agosto de 1963. Arquivo Nacional.
  • Vigília cívica contra a cassação de Juscelino Kubitsheck. S.I., 5 de junho de 1964. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Juscelino Kubitsheck lança sua candidatura à eleição presidencial de 1965. A partir da esq., Ranieri Mazzilli, Juscelino Kubitsheck, Celina Vargas do Amaral Peixoto e Ernani do Amaral Peixoto (sentado). Rio de Janeiro (?), março de 1964. FGV/CPDOC. Arq. Ernani do Amaral Peixoto.

Nas eleições extraordinárias realizadas em 4 de junho de 1961, Juscelino Kubitschek elegeu-se senador por Goiás na legenda do Partido Social Democrático (PSD), obtendo 146.366 votos contra 26.800 dados a seu adversário Wagner Estelita Campos, que concorria pelo Partido Democrata Cristão (PDC).

Quando da renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, Juscelino deu total apoio à posse do substituto legal, o vice-presidente João Goulart, que foi vetada pelos ministros militares. Mantendo a coerência e refutando a implantação do regime parlamentarista no país como fórmula conciliatória para garantir a posse de Goulart, votou contra o projeto durante a sessão realizada no Senado no dia 2 de setembro. A medida foi, porém, aprovada pelos parlamentares, constituindo a Emenda Constitucional nº 4. Foi, assim, sob o regime parlamentarista que Goulart iniciou seu governo cinco dias depois. Como a emenda constitucional previa para abril de 1965 a realização de um plebiscito, por meio do qual seria decidida a permanência ou não do regime, Juscelino passou a defender a antecipação da consulta e o retorno ao presidencialismo, numa campanha que contou com amplo apoio popular. O resultado foi que em meados de setembro de 1962 o Congresso aprovou a antecipação do plebiscito, e em 6 de janeiro do ano seguinte a consulta popular determinou por expressiva diferença de votos, o restabelecimento do presidencialismo.

Em meio ao processo de radicalização política, e ao avanço do movimento em favor das reformas de base, setores civis e militares conservadores passaram a articular um golpe contra o governo Goulart. Paralelamente, os partidos políticos definiam-se quanto à sucessão presidencial a ser disputada em outubro de 1965: o Partido Social Progressista (PSP) homologou, em fevereiro de 1964, a candidatura de Ademar de Barros, e o PSD, em março, lançou a de Juscelino Kubitschek, enquanto a candidatura de Carlos Lacerda, governador da Guanabara, era articulada pela União Democrática Nacional (UDN). Entre os militares, os nomes mais cotados eram os dos generais Humberto Castelo Branco, Eurico Dutra e Amauri Kruel.

Em 31 de março de 1964, foi deflagrado o movimento político-militar que depôs Goulart. O substituto legal, Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, foi empossado na presidência da República no dia 2 de abril. Entretanto, o general Artur da Costa e Silva, o brigadeiro Márcio de Sousa e Melo e o almirante Augusto Rademaker, que compunham o Comando Supremo da Revolução, passaram a governar de fato o país.

No dia 7 de abril, Juscelino, em encontro proposto por Castelo Branco, manteve com este conversações acerca do problema sucessório. Ante o declarado interesse de Castelo Branco em concorrer às eleições presidenciais, Juscelino o apoiou, declarando que "as garantias democráticas e legalistas" do general habilitavam os líderes pessedistas a propor seu nome à deliberação do diretório nacional do PSD. Caberia, no entanto, a Ernani do Amaral Peixoto, como presidente do partido, encaminhar o assunto à alta direção partidária.

No dia 9 de abril, o Comando Supremo da Revolução promulgou o Ato Institucional nº 1 (AI-1) determinando a eleição dois dias depois, pelo Congresso Nacional, do presidente da República, que exerceria o poder até 31 de janeiro de 1966, quando seria empossado seu sucessor, a ser eleito pelo sufrágio popular. O AI-1 também outorgava ao chefe do Executivo o poder de cassar mandatos parlamentares e suspender direitos políticos.

Em reunião realizada no dia seguinte, os líderes pessedistas, entre os quais Amaral Peixoto e José Maria Alkmin, decidiram conceder o apoio do partido à candidatura Castelo Branco. Eleito pelo Congresso em 11 de abril, Castelo assumiu a presidência quatro dias depois.

A cassação de Juscelino passou então a ser apregoada por elementos do regime militar identificados com a chamada "linha dura" do Exército. Já em 3 de junho de 1964, o ministro da Guerra Costa e Silva pediu que Juscelino fosse cassado, invocando os interesses da Revolução e a necessidade de prevenir futuras manobras destinadas a interromper a restauração dos princípios morais e políticos. Alegava ainda o ministro a responsabilidade do ex-presidente na deterioração do sistema do governo.

Enquanto o processo caminhava, o PSD procurou sustá-lo. Numerosas tentativas foram feitas nesse sentido, e delas participaram líderes do PSD como Alkmin, Armando Falcão e Amaral Peixoto. O deputado pessedista Carlos Murilo propôs como solução a retirada da candidatura de Juscelino. Este, por sua vez, tentava mobilizar a opinião pública a seu favor, através da tribuna do Senado.