12. Senador Por Goiás (1961 - 1964)
Nas eleições extraordinárias realizadas em 4 de junho de 1961, Juscelino Kubitschek elegeu-se senador por Goiás na legenda do Partido Social Democrático (PSD), obtendo 146.366 votos contra 26.800 dados a seu adversário Wagner Estelita Campos, que concorria pelo Partido Democrata Cristão (PDC).
Quando da renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961, Juscelino deu total apoio à posse do substituto legal, o vice-presidente João Goulart, que foi vetada pelos ministros militares. Mantendo a coerência e refutando a implantação do regime parlamentarista no país como fórmula conciliatória para garantir a posse de Goulart, votou contra o projeto durante a sessão realizada no Senado no dia 2 de setembro. A medida foi, porém, aprovada pelos parlamentares, constituindo a Emenda Constitucional nº 4. Foi, assim, sob o regime parlamentarista que Goulart iniciou seu governo cinco dias depois. Como a emenda constitucional previa para abril de 1965 a realização de um plebiscito, por meio do qual seria decidida a permanência ou não do regime, Juscelino passou a defender a antecipação da consulta e o retorno ao presidencialismo, numa campanha que contou com amplo apoio popular. O resultado foi que em meados de setembro de 1962 o Congresso aprovou a antecipação do plebiscito, e em 6 de janeiro do ano seguinte a consulta popular determinou por expressiva diferença de votos, o restabelecimento do presidencialismo.
Em meio ao processo de radicalização política, e ao avanço do movimento em favor das reformas de base, setores civis e militares conservadores passaram a articular um golpe contra o governo Goulart. Paralelamente, os partidos políticos definiam-se quanto à sucessão presidencial a ser disputada em outubro de 1965: o Partido Social Progressista (PSP) homologou, em fevereiro de 1964, a candidatura de Ademar de Barros, e o PSD, em março, lançou a de Juscelino Kubitschek, enquanto a candidatura de Carlos Lacerda, governador da Guanabara, era articulada pela União Democrática Nacional (UDN). Entre os militares, os nomes mais cotados eram os dos generais Humberto Castelo Branco, Eurico Dutra e Amauri Kruel.
Em 31 de março de 1964, foi deflagrado o movimento político-militar que depôs Goulart. O substituto legal, Ranieri Mazzilli, presidente da Câmara dos Deputados, foi empossado na presidência da República no dia 2 de abril. Entretanto, o general Artur da Costa e Silva, o brigadeiro Márcio de Sousa e Melo e o almirante Augusto Rademaker, que compunham o Comando Supremo da Revolução, passaram a governar de fato o país.
No dia 7 de abril, Juscelino, em encontro proposto por Castelo Branco, manteve com este conversações acerca do problema sucessório. Ante o declarado interesse de Castelo Branco em concorrer às eleições presidenciais, Juscelino o apoiou, declarando que "as garantias democráticas e legalistas" do general habilitavam os líderes pessedistas a propor seu nome à deliberação do diretório nacional do PSD. Caberia, no entanto, a Ernani do Amaral Peixoto, como presidente do partido, encaminhar o assunto à alta direção partidária.
No dia 9 de abril, o Comando Supremo da Revolução promulgou o Ato Institucional nº 1 (AI-1) determinando a eleição dois dias depois, pelo Congresso Nacional, do presidente da República, que exerceria o poder até 31 de janeiro de 1966, quando seria empossado seu sucessor, a ser eleito pelo sufrágio popular. O AI-1 também outorgava ao chefe do Executivo o poder de cassar mandatos parlamentares e suspender direitos políticos.
Em reunião realizada no dia seguinte, os líderes pessedistas, entre os quais Amaral Peixoto e José Maria Alkmin, decidiram conceder o apoio do partido à candidatura Castelo Branco. Eleito pelo Congresso em 11 de abril, Castelo assumiu a presidência quatro dias depois.
A cassação de Juscelino passou então a ser apregoada por elementos do regime militar identificados com a chamada "linha dura" do Exército. Já em 3 de junho de 1964, o ministro da Guerra Costa e Silva pediu que Juscelino fosse cassado, invocando os interesses da Revolução e a necessidade de prevenir futuras manobras destinadas a interromper a restauração dos princípios morais e políticos. Alegava ainda o ministro a responsabilidade do ex-presidente na deterioração do sistema do governo.
Enquanto o processo caminhava, o PSD procurou sustá-lo. Numerosas tentativas foram feitas nesse sentido, e delas participaram líderes do PSD como Alkmin, Armando Falcão e Amaral Peixoto. O deputado pessedista Carlos Murilo propôs como solução a retirada da candidatura de Juscelino. Este, por sua vez, tentava mobilizar a opinião pública a seu favor, através da tribuna do Senado.