Ernani do Amaral Peixoto

  • San Tiago Dantas, Juscelino Kubitsheck, Benedito Valadares, Ernani do Amaral Peixoto durante campanha de Kubitsheck para a presidência da República. S.I., 1955. FGV/CPDOC, Arq. Ernani do Amaral Peixoto.

Ernani do Amaral Peixoto nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 14 de julho de 1905, filho de Augusto Amaral Peixoto e de Alice Monteiro Amaral Peixoto. Ingressou na Escola Naval do Rio de Janeiro em 1923 e, por influência do irmão, Augusto Amaral Peixoto, também militar, travou contato com o movimento tenentista. Concluiu seu curso em 1927, formando-se em seguida engenheiro geográfico pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro.

Em 1930 deu apoio ao movimento político-militar que levou Getúlio Vargas à presidência da República. Em seguida, ingressou no Clube 3 de Outubro, organização criada com o objetivo de dar maior coesão aos setores políticos que defendiam o aprofundamento das medidas tomadas pelo novo regime. Em 1932, lutou como voluntário ao lado das forças legalistas que combateram o Movimento Constitucionalista em São Paulo.

Em maio de 1933, foi nomeado ajudante-de-ordens da presidência da República. Nesse mesmo ano aderiu ao Partido Autonomista, agremiação que tinha como principal ponto de sua plataforma a luta pela autonomia política e administrativa do Distrito Federal e cujo principal líder era o interventor Pedro Ernesto.

Em novembro de 1937, poucos dias antes da implantação do Estado Novo, foi nomeado interventor federal no estado do Rio de Janeiro. Logo em seguida, licenciado de seu cargo, transferiu-se para os Estados Unidos, onde passou a cumprir informalmente o papel de ligação entre Vargas e o presidente norte-americano Franklin Roosevelt. Passou a defender, juntamente com o ministro Oswaldo Aranha e outros membros do governo, a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial ao lado das forças aliadas.

Entre 1943 e 1944 dirigiu o serviço de abastecimento da Coordenação de Mobilização Econômica, órgão criado pelo governo federal com o objetivo de melhor conduzir a economia brasileira após a entrada do país no conflito mundial que então se desenrolava. Por sua posição pró-Aliados foi eleito presidente de honra do Comitê Interaliado. Também foi membro da Liga de Defesa Nacional.
Em 1945, iniciado o processo de redemocratização do país, foi um dos fundadores do Partido Social Democrático (PSD). Desde então, tornou-se a maior liderança da seção fluminense do partido, que presidiria de 1951 até 1965, quando a agremiação foi extinta. Em dezembro de 1945 elegeu-se deputado federal constituinte.

Em outubro de 1950, voltaria ao governo do estado do Rio de Janeiro, dessa vez eleito pelas urnas, ao mesmo tempo em que Vargas retornava à presidência da República. Como governador fluminense assistiu de perto a crise política que resultou no suicídio de seu sogro, Getúlio Vargas, em agosto de 1954.

Embaixador brasileiro nos Estados Unidos entre 1956 e 1959, de volta ao Brasil foi designado pelo presidente Juscelino Kubitschek para chefiar o Ministério da Viação e Obras Públicas, assumindo o cargo em julho de 1959.

Durante sua gestão, procurou dar continuidade à orientação estabelecida por seu antecessor, Lúcio Meira, mantendo a política de incentivo à indústria automobilística desenvolvida pelo governo. Embora direcionada para a construção e pavimentação de novas estradas, visando a implantação de um sistema rodoviário que interligasse as diversas regiões do país, essa orientação previa o reaparelhamento do sistema ferroviário e o incentivo à indústria de construção naval. No mês seguinte à sua posse, inaugurou a rodovia Curitiba-Lajes, parte do tronco rodoviário projetado para ligar o extremo Norte ao extremo Sul do país. Também em sua gestão, foram concluídas as rodovias Fernão Dias, ligando Belo Horizonte à capital paulista, e São Paulo-Cuiabá, ligando a capital mato-grossense com o porto de Santos, além de ter sido iniciada a pavimentação da estrada Rio-Bahia. Outra obra de vulto foi a construção da rodovia Brasília-Acre (BR-29), inaugurada em dezembro de 1960.

Pouco antes do término do mandato de Kubitschek, foram concluídas as obras do açude de Orós (Ceará), que havia sido destruído por fortes temporais que atingiram a região Nordeste em março de 1960, o que provocou enormes danos à população local.

Amaral Peixoto deixou o ministério em 31 de janeiro de 1961, ao fim do governo de Juscelino. Foi nomeado em seguida ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Com a renúncia do presidente Jânio Quadros em agosto desse ano, defendeu a solução parlamentarista para a posse do sucessor constitucional, o vice-presidente João Goulart. Nas eleições de outubro de 1962, elegeu-se deputado federal pelo PSD fluminense e de janeiro a dezembro de 1963 exerceu o cargo de ministro extraordinário para Assuntos da Reforma Administrativa.

No ano seguinte, manteve uma atitude de neutralidade diante do movimento político-militar que destituiu João Goulart da presidência. Manteve, inclusive, bom relacionamento com o novo regime até 1965, quando foram cassados os direitos políticos do ex-presidente Kubitschek. Com a extinção do PSD pelo Ato Institucional no 2 (AI-2), ingressou no Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição ao regime militar. Por esse partido renovou seu mandato na Câmara Federal em 1966, e em 1970 chegou ao Senado. Em 1978, conquistou novo mandato de senador, dessa vez escolhido indiretamente pela bancada de seu partido, majoritária na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Com a reforma partidária promovida pelo presidente João Figueiredo no final da década de 1970, ingressou no Partido Democrático Social (PDS), alinhado ao governo militar.

Amaral Peixoto casou-se com Alzira Sarmanho Vargas. Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 12 de março de 1989.