Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD)

Organização fundada em maio de 1959 por Ivan Hasslocher com o objetivo de combater a propagação do comunismo no Brasil. Era financiado por contribuições de empresários brasileiros e estrangeiros e atuava em íntima conexão com a agência de propaganda Promotion, da qual Hasslocher era o diretor-superintendente. A Promotion mantinha mais de 80 programas semanais de rádio, transmitidos por emissoras de todo o país, que davam cobertura aos políticos ligados ao IBAD.

O IBAD mantinha em circulação a revista mensal Ação Democrática, com uma tiragem de cerca de 250 mil exemplares. Além de dar apoio financeiro a políticos, o IBAD atuava próximo a várias organizações oposicionistas, como a Campanha da Mulher pela Democracia (Camde), a Frente da Juventude Democrática, a Ação Democrática Parlamentar (ADP), o Movimento Sindical Democrático (MSD), a Resistência Democrática dos Trabalhadores Livres (Redetral) e o Movimento Estudantil Democrático (MED). A partir de 1962, passou também a atuar junto à Ação Democrática Popular (Adep), entidade criada por Hasslocher com objetivos explicitamente eleitorais.

A participação do IBAD-Adep na campanha eleitoral de 1962 foi objeto de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada no Congresso Nacional para investigar a origem dos recursos empregados pelas entidades no financiamento de candidatos de oposição. A CPI recolheu centenas de depoimentos, denúncias e comprovantes de despesas e de doações, mas não chegou a fazer uma relação das empresas que haviam contribuído para os fundos do IBAD nem dos candidatos que haviam sido beneficiados. Um dos pontos que a CPI conseguiu apurar foi que os papéis do IBAD haviam sido queimados quando suas atividades começaram a ser investigadas por ordem do presidente João Goulart.

Em depoimento prestado em agosto de 1963, o governador de Pernambuco Miguel Arrais - eleito em 1962 - afirmou que seu adversário nas eleições, João Cleofas, havia recebido cerca de 25 milhões de cruzeiros antigos do IBAD-Adep. Além disso, demonstrou com base em abundante documentação que o dinheiro do instituto provinha de várias firmas estrangeiras, na maioria norte-americanas. Outra denúncia feita por Arrais foi a de que o IBAD criara uma organização secreta entre a oficialidade do IV Exército. A contribuição financeira de firmas norte-americanas ao IBAD foi confirmada anos depois, em 1977, por Lincoln Gordon, embaixador norte-americano no Brasil no início da década de 1960.

O processo de fechamento do IBAD e de sua subsidiária Adep começou em agosto de 1963, quando o presidente da República suspendeu por três meses o funcionamento das duas organizações. Em 28 de novembro de 1963, através do Decreto nº 53.042, Goulart prorrogou por mais três meses a suspensão, levando em conta o fato de que as investigações sobre as atividades ilícitas das duas organizações ainda se encontravam em curso. Finalmente, em 20 de dezembro, o IBAD e a Adep foram dissolvidos por determinação do Poder Judiciário.