Walther Moreira Salles

  • Walther Moreira Salles (ao centro) e Eugene Black, presidente do Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento - BIRD, assinam acordo de empréstimo para construção de estradas no estado do Rio de Janeiro na presença de Alzira Vargas do Amaral Peixoto. Washington, entre abril e maio de 1953. FGV/CPDOC, Arq. Ernani do Amaral Peixoto.

Walther Moreira Salles nasceu em Pouso Alegre (MG) no dia 28 de maio de 1912, filho de João Moreira Salles e de Lucrécia Vilhena de Alcântara Moreira Salles.

Ao atingir a maioridade, tornou-se sócio da Moreira Salles & Cia. e gerente de sua seção bancária. Formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo em 1936, e quatro anos depois tornou-se diretor do recém-fundado Banco Moreira Salles, resultado da fusão da instituição financeira de seu pai com a Casa Bancária de Botelhos e o Banco Machadense. Em 1948 tornou-se diretor da Carteira de Crédito Geral do Banco do Brasil.

Com a posse de Getúlio Vargas na presidência da República em 31 de janeiro de 1951, foi convidado pelo ministro da Fazenda Horácio Lafer para ser o diretor executivo da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc). Ainda no mesmo ano, integrou a delegação brasileira que participou em Washington da IV Conferência de Consulta dos Chanceleres Americanos.

Num contexto em que aumentavam as pressões dos Estados Unidos por um alinhamento mais efetivo do Brasil ao seu programa militar, Walter Moreira Salles deixou a direção executiva da Sumoc e assumiu, em junho de 1952, o posto de embaixador em Washington. Deixou a embaixada em agosto de 1953 e retornou em seguida à condução dos seus negócios bancários.

Em junho de 1959, o presidente Juscelino Kubitschek rompeu as negociações entre o governo brasileiro e o Fundo Monetário Internacional (FMI), considerando inaceitáveis as exigências da instituição para a concessão de um empréstimo solicitado pelo Brasil. No mês seguinte, nomeou Moreira Salles para substituir Ernani Amaral Peixoto na embaixada em Washington, pretendendo assim manter um bom relacionamento com os Estados Unidos, que, desde a vitória da Revolução Cubana (1/1/1959), mostravam-se mais sensíveis à reivindicação brasileira de um grande plano de cooperação econômica com a América Latina. Moreira Salles permaneceu em Washington até fevereiro de 1960, quando foi substituído por Carlos Alfredo Bernardes, pouco antes da visita do presidente norte-americano Dwight Eisenhower ao Brasil e da retomada das negociações com o FMI.

No governo de Jânio Quadros, Moreira Salles voltou a ser convocado para atuar no âmbito das relações econômicas entre o Brasil e os Estados Unidos. Junto com Roberto Campos e Miguel Osório de Almeida, participou da missão econômica encarregada de obter o financiamento necessário para cobrir o déficit externo da economia brasileira. A renúncia de Jânio Quadros em agosto de 1961 precipitou uma grave crise política, solucionada uma semana depois com a adoção do regime parlamentarista, que viabilizou a posse do vice-presidente João Goulart. Tancredo Neves, nomeado primeiro-ministro, indicou Walther Moreira Salles para a pasta da Fazenda com o objetivo de tranqüilizar os meios empresariais brasileiros e estrangeiros.

A partir de 1964, Moreira Salles passou a dedicar-se exclusivamente à expansão de seu banco. Com a morte de seu pai, em 1968, assumiu o comando da instituição que, em 1975, adotou o nome de Unibanco. Em 1991 deixou a presidência do conselho de administração do Unibanco e tornou-se seu presidente de honra.

Na década de 1990 centrou suas atenções no Instituto Moreira Salles, entidade civil sem fins lucrativos, criado e mantido pelo Unibanco. Tornou-se também presidente da Casa de Cultura de Poços de Caldas.

Walther Moreira Salles casou-se em primeiras núpcias com Hélène Blanche Tourtois Moreira Salles, com quem teve um filho; em segundas núpcias, com Elisa Margarida Gonçalves Moreira Salles, com quem teve três filhos; e em terceiras núpcias com Lúcia Regina Moreira Salles.