Roberto Campos

  • Roberto Campos. S.I., 1960. Agência JB.

Roberto de Oliveira Campos nasceu em Cuiabá (MT) no dia 17 de abril de 1917, filho de Valdomiro de Oliveira Campos e de Honorina de Oliveira Campos.

Diplomado em teologia e filosofia, em 1939 iniciou carreira diplomática. Assumiu seu primeiro posto no exterior em Washington em 1942, e dois anos depois fez parte da delegação brasileira à Conferência Monetário-Financeira da Organização das Nações Unidas (ONU) reunida em Bretton Woods, Estados Unidos, a qual deu origem ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).

No segundo governo de Getúlio Vargas (1951-1954), integrou a assessoria econômica do presidente, participando da elaboração do anteprojeto governamental para a criação da Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). Em março de 1951 foi promovido a primeiro-secretário e participou da Comissão Mista Brasil-Estados Unidos para o Desenvolvimento Econômico. Sob sua direção, em 1952, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) iniciou contatos com a Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), órgão da ONU que vinha fazendo estudos sobre modelos de desenvolvimento econômico aplicáveis à região. Roberto Campos demitiu-se do corpo diretor do BNDE em meados de 1953, e em setembro foi designado cônsul em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Em março de 1955 voltou ao Brasil, e no mesmo mês assumiu o cargo de diretor-superintendente do BNDE. Antes da posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República, em janeiro de 1956, dirigiu, ao lado de Lucas Lopes, uma equipe de técnicos responsável pela formulação de um programa que deveria nortear a política econômica do novo governo.

Em março de 1956, já no governo Kubitschek, foi promovido a ministro de segunda classe. Nesse mesmo mês, procurou introduzir uma reforma cambial nos moldes preconizados pelo ex-ministro da Fazenda José Maria Whitaker, defendendo a adoção de taxas de câmbio flutuantes para incentivar as exportações e conter as importações. Juscelino, no entanto, recusou a proposta e manteve a taxação fixa como instrumento de incentivo para a execução do Plano de Metas. Ainda em 1956, passou a integrar o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), criado com a finalidade de implantar a montagem de veículos automotores no Brasil, e o Conselho do Desenvolvimento, órgão diretamente vinculado à Presidência da República, cuja função era coordenar a política econômica do governo.

No início de 1958, por sua insistência, passou a integrar a diretoria do BNDE o economista Celso Furtado, com a incumbência de coordenar estudos para um plano de desenvolvimento do Nordeste. Como resultado desse trabalho, seria criada, em dezembro de 1959, a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

A atuação de Campos também se refletiria no acordo de exploração petrolífera assinado pelos governos brasileiro e boliviano em março de 1958, que ficaria conhecido como Ata de Roboré. Esse tratado atualizava um outro, firmado entre os dois países 20 anos antes, estipulando a participação de empresas brasileiras na exploração do petróleo boliviano. A Ata de Roboré foi intensamente contestada pelos setores nacionalistas brasileiros por admitir a participação de capitais privados, o que supostamente abria uma brecha no monopólio estatal do petróleo. Diante da amplitude alcançada pela campanha nacionalista, o governo retrocedeu, deixando a questão em suspenso até 1963. Nesse ano seria criada a Petrobras Internacional S.A. (Braspetro), que deteria o monopólio das operações petrolíferas do Brasil no exterior, ficando sem efeito a Ata de Roboré.

Em junho de 1958, Campos foi nomeado presidente do BNDE em substituição a Lucas Lopes, designado ministro da Fazenda. O plano de estabilização monetária e a reforma cambial propostos por ele e Lucas Lopes no início do governo Kubitschek não haviam sido aprovados. O governo optava por uma política de intensa industrialização, que em vários aspectos era responsável pelos problemas financeiros do país. Diante do agravamento das dificuldades e da pressão exercida pelos credores externos, o governo decidiu implementar uma política antiinflacionária, anunciando em outubro de 1958 o Plano de Estabilização Monetária (PEM), elaborado por Campos e Lopes.

Em junho de 1959, no entanto, Juscelino Kubitschek decidiu abandonar o programa de estabilização e romper com o FMI. Lucas Lopes foi substituído no Ministério da Fazenda e Roberto Campos deixou a presidência do BNDE. Em outubro, Campos foi promovido a ministro de primeira classe.

Em agosto de 1961, foi nomeado pelo presidente Jânio Quadros embaixador do Brasil em Washington, mas não chegou a assumir em virtude da renúncia do presidente. A ser empossado, o vice-presidente João Goulart decidiu manter sua nomeação como embaixador extraordinário e plenipotenciário em Washington. Campos chefiou a missão até agosto de 1963, quando pediu demissão, revelando sua discordância com o governo Goulart.

Em março de 1964 apoiou o movimento político-militar que depôs o presidente Goulart. Em maio seguinte, assumiu o Ministério Extraordinário para o Planejamento e Coordenação Econômica do governo Castelo Branco. Em dezembro de 1974, já no governo Ernesto Geisel, foi nomeado embaixador em Londres.

Com a extinção do bipartidarismo em 29 de novembro de 1979 e a conseqüente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), de orientação governista, pelo qual foi eleito senador por Mato Grosso em 1982. Em outubro de 1990, depois de transferir seu título eleitoral para o Rio de Janeiro, elegeu-se deputado federal. Reeleito em 1994, deixou a Câmara em janeiro de 1999, no fim da legislatura. Alguns meses depois foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) na vaga deixada pelo dramaturgo e escritor Dias Gomes.

Casou-se com Maria Estela Tambelinni de Oliveira Campos, com quem teve três filhos. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 9 de outubro de 2001.