Odylio Denys

  • Odylio Denys (ao centro), Augusto do Amaral Peixoto (à dir.) e Justino Bastos (à esq.). Rio de Janeiro, entre 1954 e 1960. FGV/CPDOC, Arq. Augusto do Amaral Peixoto.

Odylio Denys nasceu em Santo Antônio de Pádua (RJ) no dia 17 de fevereiro de 1892, filho de Otávio Denys e de Maria Luísa Denys.

Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e foi declarado aspirante-a-oficial em abril de 1915. Em junho de 1921 foi promovido a primeiro-tenente, e no ano seguinte participou do levante que deu início ao ciclo de revoltas tenentistas que marcariam a política brasileira na década de 1920.

Comandou a Escola de Sargentos de Infantaria da Vila Militar, no Rio, de novembro de 1930 a agosto de 1931, e a seguir foi transferido para o 2º Regimento de Infantaria, também na Vila Militar. Em 1933 foi convocado pelo ministro da Guerra, general Góis Monteiro, para servir como seu oficial-de-gabinete. Nessa função permaneceu de janeiro de 1934 a maio de 1935, quando foi indicado para cursar a Escola de Estado-Maior. Em setembro de 1937, foi promovido a tenente-coronel e imediatamente designado para comandar o 7º Batalhão de Caçadores (BC) em Porto Alegre. Em maio de 1938, foi designado, por indicação de Getúlio Vargas, para comandar o 1º BC em Petrópolis (RJ). Nesse mesmo mês foi promovido a coronel e nomeado comandante do Batalhão de Guardas da capital da República. Ficou apenas três meses no Batalhão de Guardas e retornou a Petrópolis, de onde só sairia em março de 1940. Em junho desse ano foi convidado para comandar a Polícia Militar do Distrito Federal.

Em 1946 ocupou a secretaria geral do Ministério da Guerra, e comandou a 8ª Região Militar (RM), em Belém, e a 3ª Divisão de Infantaria (DI), em Santa Maria (RS). Promovido a general-de-divisão em outubro, no mês seguinte passou a comandar a 1ª DI no Rio de Janeiro. Ali foi mantido até dezembro de 1948. Em 1949 comandou a 2ª RM e a seguir a  Zona Militar Centro, com sede na capital paulista, que incorporava as unidades da 2ª e da 9ª RM. Em abril de 1950 foi designado chefe do Departamento Geral de Administração do Exército. Nesse posto, foi promovido a general-de-exército em agosto de 1952. Um mês depois embarcou para Porto Alegre, onde assumiu o comando da Zona Militar Sul.

No início de 1954 Odylio Denys assumiu, no Distrito Federal, o comando da Zona Militar Leste. Com o suicídio do presidente Getúlio Vargas, sua missão consistiu em manter a ordem na capital. Sua conduta durante a crise foi elogiada pelo ministro da Guerra, general Henrique Teixeira Lott, que decidiu mantê-lo no comando da zona militar. Ao lado de Lott, teve também destacada participação no Movimento do 11 de Novembro de 1955, que pôs fim às articulações golpistas contra a posse de Juscelino Kubitschek e João Goulart na presidência e vice-presidência da República.

Confirmado por Kubitschek no comando da Zona Militar Leste, Denys foi um dos chefes militares mais combatidos pelas correntes políticas que fizeram oposição a Juscelino. Esses ataques tornaram-se mais agressivos em agosto de 1956, quando Kubitschek, baseado em lei aprovada no Congresso Nacional, conhecida na época como "Lei Denys", adiou por dois anos sua transferência para a reserva. Findo esse prazo, em agosto de 1958 Denys foi transferido por Juscelino para a reserva, mas foi reconvocado em seguida para o serviço ativo, conservando-se no comando do I Exército. Já como marechal, ficou nesse comando até 15 de fevereiro de 1960, quando foi nomeado ministro da Guerra em substituição a Lott, que se desincompatibilizou para candidatar-se à presidência da República.

Ao assumir o Ministério da Guerra, Denys compôs seu gabinete com vários oficiais da Cruzada Democrática, movimento constituído pela ala conservadora das forças armadas. Os partidários de Lott enxergaram nisso uma mudança radical nas posições de Denys, provavelmente, segundo eles, já persuadido da inevitável vitória de Jânio Quadros na eleição de outubro seguinte. Confirmada a vitória de Jânio, Denys foi mantido no Ministério da Guerra.

Diante da inesperada renúncia de Jânio em agosto de 1961, os ministros militares concluíram pela inconveniência da posse do vice-presidente João Goulart, dando início a uma grave crise política. Com a adoção do sistema parlamentarista - fórmula adotada para pôr fim ao impasse - a 7 de setembro Goulart tomou posse e substituiu todo o gabinete de Jânio Quadros. Para o lugar do marechal Denys no Ministério da Guerra, foi nomeado o general João de Segadas Viana.

A partir daí, Odylio Denys afastou-se definitivamente do Exército e recomeçou a conspirar contra João Goulart. Este foi deposto por um golpe militar deflagrado em 31 de março de 1964. Em 1967, Denys recusou convite do presidente Castelo Branco para ser presidente de honra da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido criado em 1966 após a extinção das antigas agremiações políticas pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2).

Casou-se com Maria Helza Bayma Denys, com quem teve cinco filhos. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 5 de novembro de 1985.