Lúcio Costa

  • Juscelino Kubitsheck e Lúcio Costa examinam o plano-piloto de Brasília na região em que seria construída a nova capital da República. 3 de maio de 1957. Agência O Globo.

Lúcio Ribeiro da Costa nasceu em Toulon, na França, em 1902, e fez seus estudos primários na Inglaterra e na Suíça. Veio para o Brasil em 1916 e em 1923 diplomou-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Antes de aderir ao modernismo, realizou projetos neocoloniais.

Após a Revolução de 1930 foi nomeado diretor da ENBA. Tentou atualizar o currículo da escola contratando novos professores de tendências modernas, mas teve uma gestão conturbada devido à oposição do corpo docente. Entre 1931 e 1933 estabeleceu sociedade com Gregori Warchavchik e, a partir de então, passou a ser um grande admirador de Le Corbusier.

Seu papel na construção do prédio do Ministério da Educação, atual Palácio da Cultura, no Rio de Janeiro, foi fundamental. Além de ter sido responsável pela vinda de Le Corbusier ao Brasil em 1936, desse ano até 1939 chefiou a equipe responsável pelo projeto, composta ainda por Jorge Machado Moreira, Carlos Leão, Afonso Eduardo Reidy, Oscar Niemeyer e Ernani Vasconcelos. Quando da visita de Le Corbusier, realizou também suas primeiras experiências como urbanista, sob orientação do arquiteto suíço.

Em 1937 assumiu a direção da Divisão de Estudos de Tombamentos do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), e aí permaneceu até aposentar-se em 1972. Sua permanência nessa instituição foi decisiva para a definição dos critérios de seleção dos monumentos a serem legalmente preservados, bem como para a intervenção em obras de restauração. Em 1938 conquistou o primeiro lugar no concurso para o pavilhão do Brasil na Feira Internacional de Nova Iorque e convocou Oscar Niemeyer, que ficara em segundo lugar, para juntos realizarem o projeto.

De 1952 a 1953, junto com Walter Gropius, Le Corbusier, Sven Markelius e Ernest Rogers, integrou a Comissão dos Cinco, encarregada de analisar os projetos para a sede da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) em Paris. Em 1957 venceu o concurso para projetar o plano piloto de Brasília, atendendo a um sonho do então presidente Juscelino Kubitschek de criar uma cidade para o automóvel, que o consagrou como urbanista.

Lúcio Costa pode ser considerado o principal expoente do movimento moderno da arquitetura no Brasil. Apesar de seu papel fundamental na consolidação teórica do caminho formalista e antifuncionalista que marcou a moderna arquitetura brasileira nas décadas de 1940 e 1950, sua obra arquitetônica não foi volumosa, pois com sua entrada no SPHAN acabou por abandonar o escritório profissional. Seus projetos são essencialmente marcados pela mistura entre o racionalismo corbusiano e a arquitetura colonial.

Entre suas obras destacam-se o conjunto de três prédios de apartamentos do Parque Guinle (1948 e 1950); o anteprojeto da Casa do Brasil na Cidade Universitária de Paris (1953); a sede social do Jockey Club no centro do Rio (1956) e o Banco Aliança (1956), além do Plano Diretor da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro (1969).

Publicou diversos livros que marcaram o ensino da arquitetura no Brasil, e em seus últimos anos de vida dedicou-se a projetos residenciais e à preparação da obra autobiográfica Registro de uma vivência, publicada em 1995.

Casou-se com Julieta Guimarães Costa, com quem teve duas filhas. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 13 de junho de 1998.