Lucas Lopes

  • José MAria Alkmin discursa na cerimônia de transmissão do cargo de ministro da Fazenda a Lucas Lopes. Rio de Janeiro, 25 de Janeiro de 1958. FGV/CPDOC, Arq. Lucas Lopes.

Lucas Lopes nasceu em Ouro Preto (MG) no dia 25 de junho de 1911, filho de Francisco Antônio Lopes e de Maria da Conceição Mosqueira Lopes. Ainda estudante, trabalhou como repórter do jornal O Estado de Minas e, em 1930, foi contratado pela seção técnica da Estrada de Ferro Oeste de Minas. Formado em engenharia civil, tornou-se em 1940 engenheiro das Empresas Elétricas Brasileiras e da Sociedade Técnica de Materiais.

Em 1942 foi indicado para ocupar a Secretaria da Agricultura, Indústria e Comércio do governo de Minas, chefiado por Benedito Valadares. Com a deposição de Getúlio Vargas em outubro de 1945, Benedito Valadares e sua equipe foram afastados do governo mineiro. Mesmo assim, Lucas Lopes voltou a chefiar uma secretaria - dessa vez a de Viação e Obras Públicas - entre fevereiro e agosto de 1946, durante o governo do interventor João Tavares Correia Beraldo. Ainda em 1946 tornou-se professor catedrático de geografia econômica da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Minas Gerais (UMG), e em seguida passou a integrar a recém-criada Comissão do Vale do São Francisco (CVSF), órgão diretamente subordinado à presidência da República e encarregado de formular e executar um projeto de desenvolvimento para essa região.

A política de desenvolvimento adotada por Juscelino Kubitschek no início de seu mandato à frente do governo mineiro, em janeiro de 1951, teve como eixo o binômio "energia e transportes". Lucas Lopes foi escolhido para formular um plano de eletrificação do estado, enquanto o engenheiro Celso Murta planejava a ação governamental no setor de transportes. Um dos resultados de seu trabalho à frente do setor de energia do estado foi a criação em, setembro de 1951, da Centrais Elétricas de Minas Gerais S. A. (Cemig), a  qual presidiu até o fim do governo Kubitschek.

Devido à sua importante participação no programa energético de Minas Gerais, Lucas Lopes foi convidado a integrar, em 1951, a Comissão Mista Brasil-Estados Unidos. A comissão mista completou seus estudos técnicos em julho de 1953 e encerrou oficialmente suas atividades em dezembro seguinte, deixando trabalhos que seriam incorporados mais tarde à preparação do Plano de Metas do governo de Juscelino na presidência da República.

Em 1954, quando João Café Filho foi empossado na presidência, pediu que Juscelino Kubitschek indicasse um nome para ocupar o Ministério da Viação e Obras Públicas. A escolha recaiu então sobre Lucas Lopes, nomeado em agosto. Sua participação no governo de Café Filho foi curta. Em janeiro de 1955, Café endossou um documento que defendia a necessidade de equacionar o problema sucessório num quadro de colaboração interpartidário, criticando assim, implicitamente, a candidatura de Juscelino. Discordando dos termos do documento e considerando-se ligado a Juscelino, Lucas Lopes pediu demissão. No dia 14 de novembro, sob a presidência de Nereu Ramos, retornou ao ministério, onde permaneceu até a posse de Kubitschek em 1956.

Juscelino assumiu a presidência disposto a aplicar o Plano de Metas elaborado por uma equipe de técnicos sob a direção de Lucas Lopes e Roberto Campos, integrantes de um grupo de economistas que defendia a necessidade de um planejamento econômico governamental para acelerar o processo de industrialização. Lucas Lopes foi nomeado presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE) em fevereiro de 1956 e nessa condição tornou-se secretário-executivo do recém-criado Conselho Nacional do Desenvolvimento, órgão que passou a centralizar o detalhamento e a aplicação do Plano de Metas.

Em janeiro de 1958, Lucas Lopes assumiu o Ministério da Fazenda, em substituição a José Maria Alkmin, e foi substituído por Roberto Campos na presidência do BNDE. Ambos foram os responsáveis pela elaboração do Plano de Estabilização Monetária (PEM) apresentado ao Congresso em outubro de 1958. No entanto, o plano acirrou imediatamente a controvérsia entre monetaristas e estruturalistas, que localizavam as causas básicas da inflação nos desequilíbrios estruturais da economia brasileira e consideravam ineficaz qualquer programa que significasse a liquidação de um plano estratégico de investimentos públicos nos setores fundamentais da economia. Além disso, a política estabilizadora de Lucas Lopes ameaçava a continuidade da aplicação do Plano de Metas.

A luta contra o Plano de Estabilização ganhou um matiz nacionalista com o crescimento dos ataques a Lucas Lopes e Roberto Campos. As exigências do Fundo Monetário Internacional (FMI) foram consideradas inaceitáveis, inclusive por setores favoráveis à abertura da economia brasileira às empresas estrangeiras, o que levou Kubitschek a tentar criar uma alternativa com a Operação Pan-Americana (OPA), amplo programa de colaboração financeira dos Estados Unidos para o desenvolvimento da América Latina. Entretanto, esse projeto ficou sem resposta por parte dos Estados Unidos. Nesse quadro, Juscelino resolveu, em junho de 1959, substituir Lucas Lopes no Ministério da Fazenda por Sebastião Pais de Almeida e romper as negociações com o FMI. Em julho, Roberto Campos passava a presidência do BNDE para Lúcio Meira.

Depois de deixar o ministério, Lucas Lopes foi nomeado titular do 4o Ofício de Imóveis do Rio de Janeiro. Em setembro de 1959, juntamente com antigos colaboradores do BNDE, ajudou a fundar a Consultec - Sociedade Civil de Planejamento e Consultas Técnicas Ltda. Em 1962, passou a trabalhar para a empresa Hanna. Até 1964 também ocupou a presidência do conselho de administração de Furnas S.A.

Casou-se com Ester de Pádua Lopes, com quem teve três filhos. Faleceu no Rio de Janeiro em janeiro de 1994.