Jurandir de Bizarria Mamede

  • Jurandir de Bizarria Mamede. S.I., s.d. Agência O Globo.

Jurandir de Bizarria Mamede nasceu em Salvador (BA) no dia 27 de setembro de 1906, filho de Eduardo Borges Mamede e de Celeuta Bizarria Mamede.

Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e foi declarado aspirante-a-oficial da arma de infantaria em janeiro de 1927. Participou da Revolução de 1930 e, no início de 1931, foi destacado para comandar a Brigada Policial de Pernambuco, cargo que ocupou até 1937. Durante a Segunda Guerra Mundial, participou da campanha Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Itália. Regressou ao Brasil em meados de 1945, ao fim do conflito.

Em 1946, tornou-se adido ao Estado-Maior do Exército (EME). Foi depois transferido para a chefia do curso de infantaria da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e, posteriormente, para a Seção de Blindados da Diretoria de Armas do Exército. Em 1948 passou a integrar o grupo de oficiais incumbido de organizar a Escola Superior de Guerra (ESG). Foi promovido a coronel três anos depois.

Em fevereiro de 1954, foi um dos signatários do Manifesto dos Coronéis, documento que criticava as propostas de reajuste salarial defendidas pelo ministro do Trabalho, João Goulart.

Com a eleição de Juscelino Kubitschek para a presidência da República e de João Goulart para a vice-presidência em outubro de 1955, articulou-se um movimento para impedir a posse dos eleitos. No dia 1o de novembro, por ocasião do sepultamento do general Canrobert Pereira da Costa, Mamede fez um duro discurso incitando os chefes militares a impedir a transmissão do poder a Kubitschek. O episódio resultou numa grave crise militar, cujos desdobramentos dariam origem ao Movimento do 11 de Novembro.

Garantida a posse Kubitschek em janeiro de 1956, o general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra e principal líder do 11 de Novembro, adotou, para neutralizar a ação dos militares adversos à continuidade do regime legal, a orientação de reduzir o espaço de suas atividades políticas, isolando-os no interior do país em chefias de circunscrições de recrutamento. De acordo com a nova orientação, Mamede foi designado para chefiar a 6ª Circunscrição de Recrutamento. Em julho de 1960 foi promovido a general-de-brigada e imediatamente removido para Campo Grande, então no estado de Mato Grosso, para comandar a 4ª Divisão de Cavalaria. Em 1963, durante o governo de João Goulart, assumiu o comando da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME).

Depois do golpe militar de março de 1964 que depôs Goulart, foi nomeado comandante da 8ª Região Militar, com sede em Belém. Promovido a general-de-divisão em novembro de 1965, passou a comandar a 1ª Divisão de Infantaria (DI) no Rio de Janeiro. Em maio de 1967 assumiu a chefia do Departamento de Produção e Obras do Exército. Em janeiro de 1970 tomou posse no cargo de ministro do Superior Tribunal Militar (STM). Em agosto de 1973 passou a presidir o STM, completando até março de 1975 o mandato de Adalberto Pereira dos Santos. Em dezembro de 1976, por ter atingido a idade-limite de 70 anos, foi aposentado compulsoriamente.

Casou-se com Beatriz Dantas Mamede, com quem teve três filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 12 de dezembro de 1998.