Juarez Távora

  • Juarez Távora. S.I, s.d. FGV/CPDOC, Arq. Cristiano Machado.

Juarez do Nascimento Fernandes Távora nasceu no município de Jaguaribemirim, atual Jaguaribe (CE), no dia 14 de janeiro de 1898, filho de Joaquim Antônio do Nascimento e de Clara Fernandes Távora do Nascimento.

Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e em julho de 1922 participou do primeiro levante tenentista. Foi preso na ocasião e só foi solto em fevereiro do ano seguinte, para aguardar seu julgamento em liberdade. Condenado a três anos de prisão e à perda da patente no Exército, desertou e juntou-se aos conspiradores que promoveram nova rebelião em São Paulo em julho de 1924. Participou em seguida da Coluna Prestes, que durante cerca de dois anos percorreu o interior do Brasil em campanha contra o governo do presidente Artur Bernardes. Desempenhou papel de destaque no comando da Coluna, até ser preso nos arredores de Teresina, em 1926.

Em janeiro do ano seguinte fugiu da prisão e em 1929 exilou-se na Argentina. Em fevereiro de 1930, já de volta ao Brasil, dirigiu-se ao Nordeste para participar, como chefe militar, do movimento que depôs Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao poder. Após a posse do novo governo, no mês de novembro, assumiu o Ministério da Viação e Obras Públicas por alguns dias.

Em 1931, participou da fundação do Clube 3 de Outubro, agremiação que buscava conferir maior coesão à atuação dos "tenentes" revolucionários. No ano seguinte deu combate ao movimento constitucionalista deflagrado em São Paulo. Em dezembro de 1932, foi nomeado para o Ministério da Agricultura. Como ministro, participou dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte, reunida entre novembro de 1933 e julho de 1934, na condição de membro nato. Logo após a promulgação da nova Carta, exonerou-se do ministério.

Retomou, em seguida, sua carreira militar. Em fins de 1938, concluiu o curso da Escola de Estado-Maior do Exército. Durante a Segunda Guerra Mundial, tomou parte na organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Em 1945 filiou-se à União Democrática Nacional (UDN). Promovido a general em 1946, assumiu em setembro de 1952 a direção da Escola Superior de Guerra (ESG). Em janeiro de 1954 foi eleito vice-presidente do Clube Militar, ao mesmo tempo que apoiava o movimento que exigia a renúncia de Getúlio Vargas. Após o suicídio do presidente, assumiu a chefia do Gabinete Militar do governo de Café Filho. Permaneceu nesse posto até abril de 1955, quando, depois de malograda a tese de uma candidatura civil de união nacional, foi lançado candidato a presidente da República por uma coligação de partidos liderada pela UDN e pelo Partido Democrata Cristão (PDC).

As eleições realizadas no mês de outubro deram a vitória, no entanto, a Juscelino Kubitscheck, lançado pelo Partido Social Democrático (PSD) e pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Juarez Távora passou então a questionar a legitimidade da eleição de Juscelino, denunciado que o processo fora marcado por fraudes e dando início a uma batalha pela impugnação dos resultados da votação. Mais à frente, também denunciou como ilegal o Movimento do 11 de Novembro de 1955, que teve por objetivo barrar as conspirações golpistas contra a posse de Kubitschek.  Defendeu na ocasião o retorno de Café Filho - afastado da presidência por motivos de saúde desde o dia 8 de novembro - à chefia do governo, declarando que, caso o presidente recebesse alta médica, iria acompanhá-lo na sua ida para o Catete. Na madrugada do dia 23 de novembro, porém, Juarez foi preso em sua residência por algumas horas por ordem do ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott. Ainda no dia 23, o Congresso votou a favor do impedimento de Café Filho por suspeita de ligações com a tentativa de golpe. A presidência da República foi exercida por Nereu Ramos até 31 de janeiro de 1956, quando Juscelino Kubitschek e João Goulart finalmente tomaram posse.

Um ano depois do Movimento do 11 de Novembro, Juarez voltou a criticar as autoridades governistas, depoimento que lhe valeu uma punição disciplinar de 48 horas - determinada por Lott - por referência desrespeitosa ao presidente da República.

Em 1962, Juarez Távora elegeu-se deputado federal pelo estado da Guanabara na legenda do Partido Democrata Cristão (PDC). Atuou na oposição ao governo do presidente João Goulart e apoiou o golpe militar que o afastou da presidência em março de 1964, embora não tenha participado diretamente das articulações. Com o início do regime militar, respondeu, até março de 1967, pelo Ministério da Viação e Obras Públicas.

Casou-se com sua prima Nair Távora, com quem teve quatro filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 18 de julho de 1975.