José Maria Whitaker

  • José Maria Whitaker (sentado, de óculos) e outros por ocasião da comemoração dos 25 anos do Banco Comercial do Estado de São Paulo. São Paulo, 1937. FGV/CPDOC, Arq. José Maria Whitaker.

José Maria Whitaker nasceu na cidade de São Paulo em 20 de maio de 1878, filho de Firmino Antônio da Silva Whitaker e de Guilhermina Flora dos Anjos.

Cursou a Faculdade de Direito de São Paulo e nos tempos de estudante manteve contato com grupos políticos de tendência monarquista. Após bacharelar-se, em 1896, passou a exercer a advocacia no interior paulista. Em 1903, abriu uma firma de comércio de café, com a qual obteve grande prosperidade econômica. Em 1910, assumiu a presidência da Associação Comercial de Santos. Durante a década de 1910, expandiu seus negócios para a área financeira.

Em dezembro de 1920 assumiu, a convite do presidente Epitácio Pessoa, a presidência do Banco do Brasil, onde desenvolveu uma gestão marcada pela austeridade administrativa, responsável pela recuperação do órgão. Nesse sentido, colocou-se contra a política do governo de financiar a compra de estoques excedentes de café, com o objetivo de proteger o preço do produto. Deixou o cargo no final de 1922. Anos mais tarde, durante o governo de Washington Luís, recusou convite para voltar a dirigir a instituição, por discordar das linhas gerais da política econômica do governo.

Ligado ao Partido Democrático de São Paulo (PD), assumiu o Ministério da Fazenda imediatamente após a posse de Getúlio Vargas na presidência da República, em novembro de 1930. A grave crise econômica mundial então vivida, que atingia duramente o setor cafeeiro, fez com que Whitaker abrisse mão, em parte, de suas convicções liberais e não-intervencionistas e aceitasse promover a compra de estoques excedentes de café. Mesmo assim, sua política de contenção dos gastos públicos acabou por fazê-lo alvo de críticas dos cafeicultores paulistas, que o acusavam, junto com o secretário de Fazenda do governo paulista, Numa de Oliveira, de favorecer os banqueiros em detrimento da lavoura. Pressionado, deixou o ministério em novembro de 1931.

No ano seguinte, teve modesta participação na Revolução Constitucionalista. A pequena dimensão de seu envolvimento no levante paulista, bem como seu grande prestígio nos meios econômicos livraram-no das represálias e perseguições sofridas pelos líderes constitucionalistas após a derrota do movimento, em outubro de 1932. Retirado da vida pública, durante muitos anos dedicou-se exclusivamente a seus negócios privados.

Retornou ao Ministério da Fazenda por um curto período, entre abril e novembro de 1955, durante o governo do presidente João Café Filho. Pretendendo aliviar a política monetária, revogou imediatamente a portaria que obrigava os bancos a deixar sob o controle da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) metade dos seus depósitos. Empenhado em equilibrar o orçamento através da redução da despesa pública, suspendeu também o programa de compra de estoques de café pelo governo, o que gerou protestos dos cafeicultores. Em compensação, levou adiante o projeto de reforma cambial, realizado com a colaboração de Edward Bernstein, representante do Fundo Monetário Internacional (FMI), e a assistência de Roberto Campos, superintendente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). O principal propósito do projeto era a abolição do confisco cambial, considerado "tributação funesta à nossa economia" porque onerava o produto exportado "no próprio momento em que vai concorrer com similares estrangeiros". Essa medida, entretanto, encontrou oposição de todos os demais ministros, com exceção de Otávio Marcondes Ferraz, e foi tachada de inoportuna pelos ministros militares em virtude da sucessão presidencial que se aproximava. Diante das controvérsias suscitadas pela proposta de reforma cambial, o presidente Café Filho resolveu submetê-la à aprovação do Congresso, o que levou Whitaker a pedir demissão.

Afastado da vida pública, continuou à frente do Banco Comercial do Estado de São Paulo. Casou-se com Amélia Peres. Faleceu em São Paulo no dia 19 de novembro de 1970.