Israel Pinheiro

  • Israel Pinheiro (1° da esq.), Lúcio Costa, Oscar Niemeyer e Juscelino Kubitsheck examinam a maquete da Praça dos Três Poderes. S.I., s.d. Fundação Oscar Niemeyer.

Israel Pinheiro da Silva nasceu em Caetés (MG) no dia 4 de janeiro de 1896, filho de João Pinheiro da Silva e de Helena de Barros Pinheiro. Formado em 1919 em engenharia civil e de minas, recebeu como prêmio uma viagem à Europa, onde realizou estudos de aperfeiçoamento no setor siderúrgico. De volta ao Brasil, dedicou-se às atividades políticas e empresariais, ligando-se ao Partido Republicano Mineiro (PRM).

Em 1933, quando Benedito Valadares foi nomeado por Getúlio Vargas interventor federal em Minas Gerais, Israel Pinheiro assumiu a Secretaria da Agricultura, Viação e Obras Públicas deste estado. Empossado em dezembro, permaneceu no cargo até 1935. Em julho de 1942, já sob o Estado Novo, foi deslocado para a presidência da Companhia Vale do Rio Doce, permanecendo no cargo até fevereiro de 1945.

Filiado ao Partido Social Democrático (PSD), elegeu-se deputado à Assembléia Nacional Constituinte (ANC) em dezembro de 1945. Nos pleitos de 1950 e 1954, foi reeleito deputado federal por Minas Gerais. Na campanha presidencial de 1955, desempenhou importante papel no apoio à candidatura de Juscelino Kubitschek, assumindo de fato a liderança do PSD em Minas e conseguindo restabelecer sua influência nas decisões políticas nacionais.

A "missão Israel Pinheiro", conforme ficou conhecida na época, afastou os temores quanto à viabilidade de vitória e de posse de Kubitschek na presidência. Na Câmara, sob a liderança de José Maria Alkmin, Israel votou contra todas as medidas propostas para dificultar a eleição de Juscelino representadas, notadamente, pela emenda parlamentarista e pela adoção do critério de maioria absoluta de votos, não previstos pela Constituição.

Ao ser eleito, Juscelino incluiu a transferência da capital da República para o Planalto Central entre as metas prioritárias do seu governo. No dia 18 de abril de 1956 o novo presidente assinou o projeto de lei e o texto da mensagem preparada por San Tiago Dantas, submetendo ao Congresso Nacional a transferência da capital para o Planalto e a criação da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), destinada a executar o programa de edificação da cidade. Israel Pinheiro tornou-se presidente da Novacap, deixando assim sua cadeira na Câmara.

No final de 1958 foram concluídos os trabalhos de construção da praça dos Três Poderes e dos edifícios onde seriam instalados os ministérios. Em fevereiro do ano seguinte, a rodovia Belém-Brasília foi inaugurada e as estradas para Fortaleza e Belo Horizonte entraram em fase final de construção, estabelecendo-se assim comunicações rodoviárias diretas entre o Planalto Central e as regiões Norte, Nordeste e Centro-Sul do país. O processo de integração nacional a partir da nova capital tomou novo impulso com o início da construção, logo a seguir, da Brasília-Acre, somente concluída muitos anos mais tarde.

A abertura dessas rodovias não era a única tarefa da Novacap no terreno das comunicações. As ligações telefônicas de Brasília com o resto do país e o mundo deveriam estar asseguradas antes da data marcada para a inauguração da cidade. Os entendimentos realizados com a Companhia Telefônica Brasileira (CTB) não tiveram êxito, levando Pinheiro a abrir concorrência internacional em julho de 1959 para a aquisição de equipamentos e a instalação de sistemas de microondas. A ligação telefônica entre Brasília e o Rio de Janeiro foi finalmente completada em 17 de abril de 1960.

Em 21 de abril de 1960 Juscelino Kubitschek inaugurou solenemente a nova capital. Em 7 de maio, Israel Pinheiro foi empossado no cargo de prefeito de Brasília, onde permaneceu até 31 de janeiro de 1961, quando o novo presidente, Jânio Quadros, substituiu-o por Paulo de Tarso Santos.

Sem nenhum cargo de representação política, retornou à atividade privada, ocupando a presidência da Cerâmica João Pinheiro. Apesar de ocupar a vice-presidência do diretório estadual do PSD em Minas, continuou afastado de qualquer atividade política significativa até outubro de 1965, quando elegeu-se governador do estado.

Em janeiro de 1971, passou o governo a Rondon Pacheco, eleito indiretamente pela Assembléia Legislativa mineira. Retirando-se então da vida pública, retomou seus negócios à frente da Cerâmica João Pinheiro.

Israel Pinheiro casou-se com Coraci Uchoa Pinheiro, com quem teve nove filhos. Faleceu em Belo Horizonte no dia 6 de julho de 1973.