Horácio Lafer

  • Lourival Fontes (1° esq.), Nero moura (2°) e Horácio Lafer (3°) por ocasião do Congresso das Nações Latinas, no Itamarati. Rio de Janeiro, outrubro de 1951. FGV/CPDOC, Arq. Nero Moura.

Horácio Lafer nasceu na cidade de São Paulo (SP) em 3 de maio de 1900, filho de Miguel Lafer e de Nessel Lafer. Bacharelou-se em Direito e dedicou-se aos negócios da família, adquirindo prestígio nos meios empresariais de São Paulo.

Em 1934, ingressou no Partido Constitucionalista e em sua legenda foi eleito deputado federal por São Paulo para a legislatura iniciada em maio de 1935.

No início da vigência do Estado Novo, retornou a seus negócios, dedicando-se exclusivamente aos interesses do grupo Klabin-Lafer. A partir de 1943, integrou o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda, cargo em que se manteria até 1950. Em 1945 passou a integrar o Partido Social Democrático (PSD), elegendo-se deputado à Assembléia Nacional Constituinte (ANC). Em seguida, permaneceu na Câmara dos Deputados ao longo da legislatura ordinária até janeiro de 1951.

Ao encerrar seu mandato, no mesmo dia da posse de Getúlio Vargas na presidência da República, foi nomeado ministro da Fazenda onde permaneceu até 1953. Em julho de 1954 assumiu uma cadeira na Câmara já que havia sido eleito suplente de deputado federal por São Paulo em 1950. Reeleito em outubro, iniciou novo mandato em fevereiro de 1955. Na crise de novembro do mesmo ano, quando o general Henrique Teixeira Lott comandou o Movimento do 11 de Novembro e assegurou a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek, Lafer foi um dos deputados que votou a favor do impedimento de Café Filho.

Novamente reeleito deputado federal por São Paulo em 1958, foi vice-líder da maioria e lhe coube, como homem de confiança do presidente Kubitschek, relatar na Câmara a posição assumida pelo governo de romper relações com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo seu relatório, o FMI preconizava uma política ortodoxa de combate à inflação, incompatível com o Plano de Metas do governo de Juscelino.

O rompimento com o FMI teve amplas conseqüências, inclusive a substituição de ministros e dirigentes de órgãos governamentais da área econômica. No mesmo processo, Horácio Lafer foi nomeado ministro das Relações Exteriores. Assumiu o Ministério credenciado por sua experiência em assuntos ligados às relações econômicas internacionais, e por sua própria orientação em matéria de política econômica, como desenvolvimentista favorável à participação do capital estrangeiro.

De modo a diversificar os mercados compradores dos produtos brasileiros, a fim de ampliar as exportações e assegurar as condições para a importação de equipamentos e produtos de base para a indústria, criou a Comissão de Política Econômica Exterior do Ministério das Relações Exteriores. No mesmo sentido, presidiu o primeiro acordo comercial entre o Brasil e a União Soviética, celebrado em Moscou no dia 9 de dezembro de 1959.

Ao mesmo tempo, desenvolveu uma ativa política em relação à América Latina. Em sua gestão aceleraram-se os estudos para a criação de uma zona livre de comércio entre países da América Latina. Em conseqüência dessa iniciativa, em 1960 foi assinado o Tratado de Montevidéu, que deu origem à Associação Latino-Americana de Livre Comércio (Alalc). Além disso, como presidente da VII Reunião dos ministros das Relações Exteriores da América, envidou esforços para evitar a expulsão de Cuba da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Ainda como ministro das Relações Exteriores, presidiu a comissão permanente para a aplicação do Tratado de Amizade e Consulta entre Brasil e Portugal e a Comissão de Exportação de Materiais Estratégicos. Com o fim do governo Kubitschek em janeiro de 1961, deixou o ministério e retornou à Câmara. Em 1963, foi eleito presidente emérito da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP).

Casou-se com Maria Luísa Lafer, com quem teve duas filhas. Faleceu em Paris no dia 29 de junho de 1965.