Eurico Dutra

  • Foto oficial do presidente Eurico Gaspar Dutra. Rio de Janeiro, entre 1946 e 1950. FGV/CPDOC, Arq. Geraldo Rocha.

Eurico Gaspar Dutra nasceu em Cuiabá no dia 18 de maio de 1883, filho de José Florêncio Dutra e de Maria Justina Dutra. Militar, ingressou na Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, em 1904. Nesse ano, participou, junto com companheiros de corporação, da Revolta da Vacina, deflagrada na capital federal contra o governo do presidente Rodrigues Alves. Por conta disso, foi expulso da Escola Militar, só retomando seus estudos no ano seguinte, quando foi anistiado. Em 1906, ingressou na Escola de Guerra de Porto Alegre e em seguida cursou a Escola de Artilharia e Engenharia. Durante a década de 1910, foi freqüente colaborador da revista Defesa Nacional, destinada ao meio militar. Em 1922, concluiu o curso da Escola do Estado-Maior.

Durante a década de 1920, esteve envolvido na repressão aos levantes tenentistas então deflagrados contra o governo federal, como em 1922, no Rio de Janeiro, e em 1924, em São Paulo. Convidado a participar da Revolução de 1930, preferiu manter-se ao lado das forças legalistas.

Aproximou-se do governo de Getúlio Vargas a partir de 1932, quando teve importante participação no combate ao movimento constitucionalista desencadeado contra o governo federal, em São Paulo. Pouco tempo depois, atingiu o generalato e, entre 1933 e 1934, presidiu o Clube Militar. Em 1935, comandava a 1ª Região Militar, sediada na capital federal, quando chefiou a repressão ao levante comunista deflagrado na cidade por setores vinculados à Aliança Nacional Libertadora (ANL).

Em dezembro de 1936, foi nomeado ministro da Guerra. Nesse posto, cumpriu papel decisivo, junto com Vargas e com o general Góis Monteiro, na instauração do Estado Novo, em novembro de 1937. Em 1945, quando o regime mostrava claros sinais de esgotamento, seu nome foi lançado por setores governistas, articulados no Partido Social Democrático (PSD), para concorrer à presidência da República, no pleito previsto para dezembro daquele ano. Em agosto, afastou-se do Ministério da Guerra, cumprindo a exigência de desincompatibilização para concorrer no pleito. Vitorioso nas eleições de dezembro, foi empossado em janeiro de 1946. Em 1950, apoiou o candidato do PSD à sua sucessão, o mineiro Cristiano Machado. O eleito foi Getúlio Vargas, ficando Machado apenas com a terceira colocação. Em janeiro de 1951, Dutra transmitiu o cargo a Vargas.

Mesmo após sua saída da presidência, manteve grande influência junto à cúpula militar e a lideranças civis. Em 1954, deu apoio discreto às articulações para afastar Vargas da presidência. Em fins de abril de 1955, após o estabelecimento do acordo entre o PSD e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) para a composição da chapa Juscelino Kubitschek-João Goulart, com vista à eleição presidencial de outubro seguinte, manifestou-se contrário à indicação de Goulart para concorrer à vice-presidência. Em seguida, formalizou seu veto a essa candidatura, o que levou seus aliados do Distrito Federal a se ausentarem da convenção nacional do PSD que homologou a chapa.

Voltou a conspirar dez anos depois, dessa vez contra o presidente João Goulart. Com o estabelecimento do regime militar, em 1964, seu nome chegou a ser cogitado para ocupar novamente a presidência. Prestigiado pelos militares, fez parte do diretório nacional da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime.

Eurico Gaspar Dutra casou-se com Carmela Leite, com quem teve dois filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 11 de junho de 1974.