Ademar de Barros

  • Documento de Identidade de Ademar de Barros. Arquivo Público do Estado de São Paulo/arq. Ademar de Barros

Ademar Pereira de Barros nasceu em Piracicaba (SP) no dia 22 de abril de 1901, filho de Antônio Emídio de Barros e de Elisa Pereira de Barros. Bacharelou-se em medicina em 1923.

Fixando-se no Rio de Janeiro, trabalhou no Instituto Osvaldo Cruz até a eclosão da Revolução Constitucionalista de São Paulo em 1932. De volta a São Paulo, ingressou no Partido Republicano Paulista (PRP) e em outubro de 1934 foi eleito para a Assembléia Constituinte do estado. Em 1936, desligou-se da Assembléia estadual para dedicar-se à articulação da sua candidatura à presidência da República nas eleições previstas para janeiro de 1938, que foram suspensas com a implantação do Estado Novo.

Em abril de 1938, foi nomeado por Getúlio Vargas interventor em São Paulo. Em 4 de junho de 1941, foi substituído no cargo por Fernando Costa. Com o fim do Estado Novo (29/10/1945) e a redemocratização do país, fundou em 1946 o Partido Social Progressista (PSP) e nessa legenda foi eleito, no ano seguinte, governador de São Paulo.

Em 1955, mesmo sem contar com o apoio das forças getulistas, lançou-se candidato pelo PSP a presidente da República, procurando atrair a preferência do eleitorado popular com uma campanha fundamentalmente antiudenista. Logo após as eleições, vencidas por Juscelino Kubitschek, foi condenado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo a dois anos de reclusão por supostas irregularidades na compra de automóveis durante sua gestão como governador.

De posse de um habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 9 de maio de 1956 e disposto a retornar à ativamente à política, Ademar começou a articular sua candidatura à prefeitura de São Paulo em 1957. Eleito, lançou-se, no ano seguinte, candidato à sucessão estadual, mas foi derrotado por Carlos Alberto Alves de Carvalho Pinto.

Voltou a se candidatar à presidência em outubro de 1960 e foi vencido por Jânio Quadros. Seguiu então para Paris, onde estabeleceu residência temporária. Durante a fase parlamentarista do governo João Goulart, o PSP aliou-se à União Democrática Nacional (UDN) no combate ao retorno do presidencialismo desejado pelos partidários de Goulart. Essa linha foi reafirmada por Ademar depois do lançamento de sua candidatura ao governo de São Paulo na convenção do PSP reunida no início de 1962.

Ademar venceu a eleição realizada em outubro de 1962 e, logo depois de assumir o governo paulista, em 31 de janeiro de 1963, começou a projetar seu nome nacionalmente, tendo em vista as eleições presidenciais de 1965. No dia da eclosão do movimento político-militar que derrubou Goulart, em 31 de março de 1964, Ademar discursou em cadeia estadual de rádio e televisão comunicando que a sublevação contava com o apoio do governo paulista e do II Exército, chefiado pelo general Amauri Kruel. Nos dias seguintes participou de várias reuniões para a escolha do novo presidente da República. Em 5 de abril, apoiou formalmente a indicação do general Humberto Castelo Branco e orientou a bancada pessepista na Câmara dos Deputados para sufragar seu nome. Apesar disso, não conseguiu influir na composição do novo ministério, principalmente devido às restrições que a seção paulista da UDN fazia a seu nome.

Em 11 de março de 1966, Ademar exigiu publicamente a renúncia de Castelo Branco e dois dias depois lançou um manifesto denunciando as "manobras continuístas" do presidente e exigindo a imediata restauração da democracia no país. Em 4 de junho de 1966, Castelo Branco reuniu-se com os generais Golbery do Couto e Silva (chefe do Serviço Nacional de Informações) e Ernesto Geisel (chefe do Gabinete Militar da Presidência), e os ministros Mem de Sá (da Justiça), Otávio Gouveia de Bulhões (da Fazenda) e Pedro Aleixo (da Educação), e decidiu cassar o mandato e suspender por dez anos os direitos políticos de Ademar. A cassação foi assinada no dia 5 de junho e, ameaçado de prisão, Ademar deixou o país em 7 de junho. Exerceu ainda diversas atividades empresariais.

Casou-se com Leonor Mendes de Barros, com quem teve dois filhos. Faleceu em Paris no dia 12 de março de 1969.