13. Cassação e Exílio (1964 - 1967)

  • Mudança de Juscelino Kubitsheck por ocasião da cassação de seu mandato. S.I., 16 de junho de 1964. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Mudança de Juscelino Kubitsheck por ocasião da cassação de seu mandato. S.I., 16 de junho de 1964. Arquivo Público do Estado de São paulo/Última Hora.
  • Partida de Juscelino Kubitsheck para a Europa após a cassação de seu mandato. S.I., 14 de junho de 1964. Arquivo Nacional.
  • Partida de Juscelino Kubitsheck para a Europa após acassação de seu mandato. S.I., 14 de junho de 1964. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • O homenageado Juscelino Kubitsheck recebe a chave da cidade de Paris. França, 1965. Memorial JK.
  • Juscelino Kubitsheck profere palestra no exterior durante o exílio. S.I., s.d.. Memorial JK.
  • Juscelino Kubitsheck, com as filhas Márcia e Maristela, na chegada do exílio no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro. 4 de outubro de 1965. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Juscelino Kubitsheck retorna da Europa. Rio de Janeiro, 4 de outubro de 1965. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Carta de Juscelino Kubitsheck a Tancredo Neves. Nova Iorque, 02 de maio de 1966. FGV/CPDOC. Arq. Tancredo Neves.
  • Carta de Juscelino Kubitsheck a Tancredo Neves. Nova Iorque, 02 de maio de 1966. FGV/CPDOC. Arq. Tancredo Neves.
  • Carta de Juscelino Kubitsheck a Tancredo Neves. Nova Iorque, 02 de maio de 1966. FGV/CPDOC. Arq. Tancredo Neves.
  • Cartão postal enviado por Juscelino Kubitsheck a Luiz Simões Lopes. Lisboa, dezembro de 1966. FGV/CPDOC. Arq. Luiz Simões Lopes.
  • Juscelino Kubitsheck, juntamente com sua esposa Sarah, sua filha Márcia e sua neta no dia do funeral da irmã Naná. S.I., junho de 1966. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.
  • Juscelino Kubitsheck e sua esposa Sarah no enterro da irmã, Naná. S.I, 13 de junho de 1966. Arquivo Nacional.
  • Encontro de Juscelino Kubitsheck e Carlos Lacerda para formação de partido de oposição ao governo. Lisboa, 13 de janeiro de 1967. Arquivo Nacional.
  • Juscelino Kubitsheckdeixa o 1° Batalhão de Polícia do Exército com o advogado Sobral Pinto. Rio de Janeiro, outubro de 1965. Arquivo Nacional.
  • Juscelino Kubitsheck no 1° Batalhão de Polícia do Exército, onde presta depoimento. Rio de Janeiro, outubro de 1965. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.

Em 8 de junho de 1964, foi assinado o ato - divulgado dois dias depois - que cassava o mandato de Juscelino e suspendia seus direitos políticos por dez anos. Imediatamente o Partido Social Democrático (PSD) retirou-se do bloco parlamentar de apoio ao presidente Humberto Castelo Branco. Decidindo exilar-se, Juscelino seguiu para a Europa no dia 14 daquele mês. Ao embarcar, afirmou à imprensa: "Deixo o Brasil porque esta é a melhor forma de exprimir meu protesto contra a violência".

Em 22 de julho o Congresso aprovou o adiamento das eleições presidenciais para outubro de 1966 e a prorrogação do mandato de Castelo Branco até março de 1967. Carlos Lacerda rompeu então com o governo, uma vez que considerava certa sua vitória na eleição de outubro de 1965.

Em 4 de outubro de 1965, após longa permanência na Europa, parte na França e parte em Portugal, Juscelino voltou ao Brasil, contrariando a direção do PSD, e foi recebido com grande manifestação por seus correligionários. Nas eleições para governador realizadas no dia anterior, os candidatos oposicionistas haviam saído vitoriosos em dois estados importantes - Francisco Negrão de Lima foi eleito governador da Guanabara pela coligação entre o PSD e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e Israel Pinheiro foi eleito governador de Minas pelo PSD. A soma desses fatos precipitou o "endurecimento" do regime, com a decretação do Ato Institucional no 2 (AI-2) em 27 de outubro. O AI-2, entre outras medidas, extinguiu os partidos políticos existentes. A partir daí seria instaurado no país o bipartidarismo, com um partido de apoio ao governo, a Aliança Renovadora Nacional (Arena), e um partido de oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Em face da sucessão de inquéritos policiais-militares perante os quais foi convocado para prestar depoimento, Juscelino decidiu ausentar-se de novo do país. No dia 9 de novembro de 1965 embarcou para Nova Iorque, onde começou a escrever suas memórias, e posteriormente fixou residência em Lisboa. Só retornaria ao Brasil em junho de 1966, quando foi autorizado pelo governo a permanecer no país por 72 horas a fim de assistir aos funerais de sua irmã.

Em 28 de outubro de 1966, foi constituída uma frente política reunindo Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart. Batizada de Frente Ampla, sua fundação foi acompanhada pelo lançamento de um manifesto assinado por Lacerda, que defendia a redemocratização do país através de eleições livres e diretas, a reforma partidária e institucional, a retomada do desenvolvimento econômico e a adoção de uma política externa soberana. Embora Kubitschek e Goulart tivessem concordado com a primeira parte do documento, que fazia uma análise da situação política nacional e manifestava o desejo de união acima de divergências passadas para lutar pela restauração democrática do país, fizeram reparos à parte em que eram traçados os objetivos da organização.

As negociações entre Lacerda e Juscelino para a constituição da Frente Ampla foram intermediadas pelo deputado Renato Archer, antigo pessedista filiado ao MDB. Os entendimentos com Goulart, que estava exilado no Uruguai, foram feitos por intermédio de Armindo Doutel de Andrade, ex-petebista também filiado ao MDB.

Ainda em outubro de 1966, como resultado de Inquérito Policial Militar (IPM) em curso, Juscelino foi acusado de ter praticado atos de corrupção durante seu mandato na presidência. Em novembro, Lacerda seguiu para Lisboa, a fim de se encontrar com Juscelino. No dia 19 daquele mês, emitiram uma nota conjunta - a Declaração de Lisboa -, na qual afirmavam ter colocado de lado as divergências passadas e estarem dispostos a manter a frente de oposição ao governo militar, conclamando o povo brasileiro a participar das discussões para a "formação do grande partido popular que se faz necessário à nação". Ao final daquele ano, a Frente Ampla passou a contar com o apoio de líderes do Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Em março de 1967, já estando Artur da Costa e Silva na presidência, foi por várias vezes noticiado o lançamento de um novo manifesto da Frente Ampla. No entanto, a ausência de consenso quanto ao seu conteúdo impediu a divulgação do documento. Em 6 de maio, os articuladores da Frente Ampla decidiram proclamar o recesso do movimento, aguardando uma definição mais clara da orientação governamental.