Tancredo Neves

  • Tancredo Neves em campanha para o governo de Minas Gerais, ao lado de Juscelino Kubitsheck e Bias Fortes. Minas Gerais, 1960. FGV/CPDOC, Arq. Tancredo Neves.

Tancredo de Almeida Neves nasceu em São João del Rei (MG) no dia 4 de março de 1910, filho de Francisco de Paula Neves e de Antonina de Almeida Neves. Formou-se em 1932 pela Faculdade de Direito de Belo Horizonte, onde teve seu primeiro contato com a luta política ao participar da campanha da Aliança Liberal. De volta à sua cidade natal após a formatura, foi nomeado promotor da comarca local, mas afastou-se do cargo em 1933 para voltar a advogar.

Filiado ao Partido Progressista (PP) de Minas Gerais, foi eleito vereador em São João del Rei em junho de 1935. Dois anos depois, transferiu-se para o Partido Nacionalista Mineiro (PNM). Com a implantação do Estado Novo e o conseqüente fechamento dos órgãos legislativos do país, perdeu seu mandato de vereador e voltou à advocacia. Paralelamente, arriscou-se como empresário, tornando-se diretor-proprietário da Fiação e Tecelagem Matozinhos S.A. e da Tecelagem São João Ltda.

Em 1945, aderiu ao recém-fundado Partido Social Democrático (PSD) e participou da campanha do general Eurico Dutra para a presidência da República. Na legenda pessedista, elegeu-se deputado estadual em janeiro de 1947. Em outubro de 1950 elegeu-se deputado federal, mas licenciou-se em junho de 1953, para assumir o Ministério da Justiça no governo de Getúlio Vargas. Deixou a pasta depois do suicídio de Getúlio em agosto de 1954 e reassumiu suas funções na Câmara. Passou então a dedicar-se à articulação da candidatura do governador mineiro, Juscelino Kubitschek, à presidência da República.

Em abril de 1955, com a substituição de Kubitschek por Clóvis Salgado no governo de Minas, foi nomeado diretor do Banco de Crédito Real de Minas Gerais. Após a eleição de Juscelino, tornou-se uma espécie de conselheiro político do presidente. Em abril de 1956, deixou o Banco de Crédito Real para assumir a direção da Carteira de Redesconto do Banco do Brasil. Afastou-se desse cargo em julho de 1958, ao ser indicado para a Secretaria de Finanças de Minas Gerais pelo governador Bias Fortes. Em julho de 1960, renunciou à Secretaria de Finanças para candidatar-se ao governo do estado, mas foi derrotado por Magalhães Pinto.

Em novembro de 1960, pouco antes de concluir seu mandato, Juscelino nomeou Tancredo Neves para a presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). Tancredo ocupou o cargo até março de 1961, já durante o governo de Jânio Quadros. Com a renúncia de Jânio em agosto, desempenhou importante papel no encaminhamento da solução para a crise provocada pelo veto militar à posse do vice-presidente João Goulart. Foi assim escolhido para chefiar o gabinete parlamentarista do governo Goulart, fórmula que pôs fim ao impasse. Empossado como primeiro-ministro no dia 8 setembro, acumulou esse cargo com o de ministro interino da Justiça até o dia 13 de outubro. Deixou o gabinete em junho de 1962, a tempo de concorrer às eleições de outubro, quando foi mais uma vez eleito para a Câmara pelo PSD. Depois de assumir sua cadeira, foi eleito líder da maioria formada pelo PSD e pelo o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Perdeu essa condição após o golpe militar de março de 1964, que destituiu Goulart.

Com a edição do Ato Institucional no 2 (AI-2), de 27 de outubro de 1965, e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), pelo qual foi reeleito em 1966, 1970 e 1974, e de cuja bancada foi líder na Câmara. Em novembro de 1978 elegeu-se senador por Minas Gerais. Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979, foi um dos fundadores do Partido Popular (PP), do qual tornou-se presidente. Diante da incorporação do PP ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), tornou-se vice-presidente nacional desse partido.

Em novembro de 1982, elegeu-se governador de Minas Gerais pelo PMDB e, dois anos depois, foi um dos principais líderes da campanha pelo restabelecimento das eleições diretas para presidente da República. Com a rejeição da proposta no Congresso Nacional, foi lançado candidato ao Colégio Eleitoral pela Aliança Democrática, coligação formada pelo PMDB e por dissidentes governistas reunidos na Frente Liberal. Renunciou com isso ao governo mineiro em agosto de 1984, e foi eleito presidente, por via indireta, no dia 15 de janeiro de 1985.
Internado com uma grave doença na véspera de sua posse, marcada para 14 de março, Tancredo não chegaria a assumir a presidência. Foi substituído pelo vice José Sarney.  
Faleceu em Brasília na noite de 21 de abril de 1985. Foi casado com Risoleta Tolentino Neves, com quem teve três filhos.