Mílton Campos

  • Mílton Campos e Juscelino Kubitsheck por ocasião da posse deste no governo de Minas Gerais. 31 de Janeiro de 1951. Memorial JK.

Mílton Soares Campos nasceu em Ponte Nova (MG) no dia 16 de agosto de 1900, filho de Francisco de Castro Rodrigues Campos e de Regina Martins Soares Campos. Ingressou na Faculdade de Direito de Belo Horizonte em 1918 e nesse mesmo ano apoiou Francisco Sales e Nilo Peçanha, candidatos oposicionistas da Reação Republicana aos governos de Minas Gerais e da República, ambos derrotados.

Depois de formado, dedicou-se à advocacia e ao jornalismo. Em 1930, ainda em Belo Horizonte, deu apoio à candidatura de Getúlio Vargas à presidência da República e, com a derrota deste, apoiou o movimento revolucionário que depôs o presidente Washington Luís e levou Vargas ao poder. No ano seguinte ingressou na Legião Mineira, organização de vida efêmera criada para dar apoio ao novo regime. Em 1932 foi nomeado advogado-geral do estado de Minas Gerais.

Em 1934 elegeu-se deputado estadual constituinte em Minas Gerais na legenda do Partido Popular (PP). Permaneceu na Assembléia Legislativa mineira até novembro de 1937, quando o golpe do Estado Novo decretou o fechamento de todas as casas legislativas do país. Nessa ocasião, manifestou-se contrário ao estabelecimento da ditadura varguista.

Durante o Estado Novo (1937-1945), dedicou-se ao ensino superior e à advocacia, presidindo a seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Após o início da Segunda Guerra Mundial, ingressou na Sociedade Amigos da América, entidade que defendia o apoio aos Aliados e aos regimes democráticos.

Foi um dos signatários do Manifesto dos mineiros, divulgado em outubro de 1943, primeira iniciativa de envergadura dos setores liberais contra o Estado Novo. Foi, por isso, exonerado do cargo de advogado da Caixa Econômica Federal (CEF).

Com o início do processo de redemocratização do país em 1945, foi um dos fundadores da União Democrática Nacional (UDN). Em dezembro desse ano elegeu-se deputado federal constituinte por Minas Gerais e dois anos depois venceu a eleição para o governo mineiro. Terminou seu mandato em janeiro de 1951 e transferiu o governo a Juscelino Kubitscheck.

Em outubro de 1954 voltou a eleger-se deputado federal. Em abril do ano seguinte assumiu a presidência nacional da UDN e foi lançado candidato à vice-presidência da República, compondo uma chapa com o general Juarez Távora. Ambos foram derrotados pela chapa Kubitscheck-João Goulart. No início de 1957, sua atitude diante do governo de Juscelino foi considerada pouco combativa pelos setores mais radicais da UDN, que articularam a indicação de Carlos Lacerda para a liderança da bancada udenista na Câmara e conseguiram, em maio, sua substituição por Juraci Magalhães na presidência do partido.

Em outubro de 1958 elegeu-se senador por Minas Gerais e dois anos depois voltou a concorrer à vice-presidência da República, mas foi novamente derrotado por João Goulart. Participou ativamente das articulações que levaram ao golpe militar de 1964, que afastou Goulart da presidência. Em abril desse ano, logo após a instalação do novo regime, foi nomeado ministro da Justiça pelo presidente Humberto Castelo Branco. Deixou o cargo em outubro de 1965 e retornou ao Senado Federal. Filiado à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido criado após a instalação do bipartidarismo e base de apoio ao regime militar, renovou seu mandato de senador em 1966.

Casou-se com Déa Dantas Campos, com quem teve seis filhos. Faleceu em Belo Horizonte no dia 16 de janeiro de 1972.