José Francisco Bias Fortes

  • Bias Fortes (1° da dir.), Juscelino Kubitsheck e Tancredo Neves em cerimônia. S.I., s.d. FGV/CPDOC, Arq. Tancredo Neves.

José Francisco Bias Fortes nasceu em Barbacena (MG) no dia 3 de abril de 1891. Seu pai, Crispim Jacques Bias Fortes, importante chefe político mineiro, foi senador estadual de 1891 a 1894 e presidente de Minas Gerais de 1894 a 1898.

Bias Fortes iniciou sua atividade política no movimento estudantil da Faculdade de Direito de Belo Horizonte. Formado em 1912, retornou à sua cidade natal e elegeu-se vereador na legenda do Partido Republicano Mineiro (PRM). Em 1914 conquistou uma cadeira na Assembléia estadual, e em 1918 e 1922 foi reeleito. Em 1924, candidatou-se à Câmara dos Deputados na vaga aberta por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, que se elegera para o Senado. Eleito, dessa feita pelo Partido Libertador de Minas Gerais, deixou no entanto o mandato em setembro de 1926, para ocupar a recém-criada Secretaria de Segurança e Assistência Pública de Minas Gerais a convite de Antônio Carlos, que então assumia a presidência do estado. No exercício desse cargo respondeu também, a partir de outubro de 1928, pelo expediente das secretarias do Interior e de Agricultura.

Durante os debates no interior do PRM para a sucessão de Antônio Carlos, manifestou apoio à candidatura do vice-presidente da República, Fernando de Melo Viana. Preterido por Olegário Maciel, Melo Viana anunciou, em outubro de 1929, seu rompimento com o PRM. Em solidariedade a ele, Bias Fortes demitiu-se da Secretaria de Segurança, já que Antônio Carlos apoiara a candidatura de Olegário Maciel. Esse episódio deu origem ao conflito entre os Bias Fortes e os Andradas em Barbacena, onde, desde então, as duas famílias passaram a disputar a hegemonia política.

Nas eleições de 1930, Bias Fortes foi reeleito deputado federal pelo PRM. Apoiou na ocasião os candidatos da Aliança Liberal a presidente (Getúlio Vargas) e vice-presidente (João Pessoa) da República. Participou em seguida do movimento que depôs o presidente Washington Luís e levou Vargas ao poder, colaborando na preparação da Força Pública de Minas em apoio aos revolucionários.

Após a revolução, permaneceu ao lado de Artur Bernardes na disputa entre as oligarquias mineiras. Foi, assim, contrário à criação da Legião Mineira, organização fundada pelas novas lideranças revolucionárias com o objetivo de combater a hegemonia do PRM. Isso não o impediu, entretanto, de se filiar ao Clube 3 de Outubro, organização criada em maio de 1931 e que, à margem dos partidos, constituía um núcleo de debates e de defesa do programa da Revolução de 30.

Em agosto de 1931, participou da tentativa de deposição do governador Olegário Maciel. Repelido o golpe, foi preso e recolhido durante dois dias à Secretaria do Interior. Foi em seguida um dos fundadores do Partido Social Nacionalista (PSN), criado com o objetivo de promover a conciliação do PRM com a Legião Mineira em apoio aos governos estadual e federal. Fracassada a tentativa e extinto o PSN, participou da organização do Partido Progressista (PP) de Minas Gerais, fundado em janeiro de 1933.

Na nova legenda, elegeu-se em maio seguinte deputado à Assembléia Nacional Constituinte com a maior votação do estado. Com a escolha de Antônio Carlos - apoiado por Vargas - para presidir a Assembléia, Bias Fortes passou a integrar a ala dissidente do PP. Promulgada a nova Carta (16/7/1934), votou em Antônio Augusto Borges de Medeiros para presidente. Vargas, no entanto, foi confirmado na presidência pela maioria dos parlamentares.

Nas eleições legislativas de 1934, foi reeleito deputado na legenda PRM-Minas Autônoma, constituída para abrigar os dissidentes do PP. Mais tarde, em junho de 1937, ingressou no Partido Nacionalista de Minas Gerais. Nesse mesmo ano, assumiu a direção do Jornal de Barbacena. Com a instauração do Estado Novo em novembro de 1937, perdeu seu mandato de deputado e foi nomeado prefeito de Barbacena. Em março de 1945, durante o processo de redemocratização do país, participou da fundação do Partido Social Democrático (PSD). Em dezembro, conquistou nessa legenda mais um mandato de deputado. Na ocasião, apoiou o presidente eleito Eurico Gaspar Dutra.

Na eleição para o governo de Minas, em 1947, foi derrotado pelo candidato da União Democrática Nacional (UDN), Mílton Campos. Em 1950, nomeado por Dutra, assumiu o Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Permaneceu no cargo até o retorno de Vargas à presidência, em janeiro do ano seguinte. Ainda em 1951, foi nomeado presidente do Conselho Superior da Caixa Econômica Federal.

Nas eleições de 1955, com o apoio de Juscelino Kubitschek, finalmente elegeu-se governador de Minas. Em 1964, apoiou o movimento político-militar que depôs o presidente João Goulart. Com a extinção dos partidos políticos pelo Ato Institucional nº 2 (27/10/1965) e a posterior instauração do bipartidarismo, foi um dos fundadores da Aliança Renovadora Nacional (Arena), agremiação governista.

Exercia o cargo de diretor do Banco de Crédito Real de Minas Gerais no Rio de Janeiro, quando faleceu nessa cidade, em 30 de março de 1971. Foi casado com Francisca Tamm Bias Fortes, com quem teve sete filhos.