Ernesto Geisel

  • Ernesto Geisel (ao centro) e Antônio Carlos Murici (à esq.) recebem Francisco Bocaiúva Catão em Brasília. 6 de fevereiro de 1979. FGV/CPDOC, Arq. Antônio Carlos Murici.

Ernesto Geisel nasceu em Bento Gonçalves (RS) no dia 3 de agosto de 1907, filho de Augusto Guilherme Geisel e de Lídia Beckmann Geisel.

Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, e foi declarado aspirante-a-oficial da arma de artilharia em 1928. Promovido a primeiro-tenente em agosto de 1930, participou do movimento revolucionário que depôs o presidente Washington Luís e colocou Getúlio Vargas no poder. Entre março e junho de 1931, ficou à disposição do interventor federal no Rio Grande do Norte, primeiro-tenente Aluísio de Andrade Moura; foi secretário-geral do governo estadual e chefe do Departamento de Segurança Pública. Em 1932, participou da repressão à Revolução Constitucionalista de São Paulo.

Entre 1934 e 1935, foi secretário da Fazenda e Obras Públicas da Paraíba. Em fevereiro desse último ano foi transferido para o Grupo Escola de Artilharia, no Rio, e em setembro promovido a capitão. Em novembro, participou da repressão à Revolta Comunista.

Depois de concluir o curso da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 1938, foi designado instrutor de artilharia na Escola Militar do Realengo. Exerceu essa função até 1941, quando ingressou na Escola de Estado-Maior do Exército (ECEME), cujo curso concluiu em 1943. Em maio desse ano, foi promovido a major.

Em 1945, foi designado para servir na Seção de Operações do Estado-Maior da 3ª Região Militar (3ª RM), em Porto Alegre. Chefiou em seguida a Diretoria de Motomecanização, no Rio, cujos contingentes tiveram participação destacada na deposição de Getúlio Vargas em 29 de outubro de 1945.

Entre 1946 e 1947, durante o governo do general Eurico Dutra, chefiou a secretaria geral do Conselho de Segurança Nacional (CSN) sendo em seguida nomeado adido militar da embaixada brasileira no Uruguai. Promovido a tenente-coronel em 1948, regressou ao Brasil dois anos depois para exercer a função de adjunto do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA). Em 1952, foi designado membro permanente da Escola Superior de Guerra (ESG). Promovido a coronel no ano seguinte, em 1954 comandou o 8º Grupo de Artilharia de Costa Motorizado, no Rio. Em fevereiro de 1955, assumiu a subchefia do Gabinete Militar do presidente João Café Filho, cargo que ocupou por apenas três meses, sendo então nomeado comandante do Regimento Escola de Artilharia.

Colocado à disposição da Petrobras em setembro de 1955, foi indicado superintendente-geral da Refinaria Presidente Bernardes, em Cubatão (SP), função que exerceu até a posse do presidente Juscelino Kubitschek em 31 de janeiro de 1956. Em março desse ano, assumiu o comando do 2º Grupo de Canhões Antiaéreos, em Quitaúna (SP), e em abril de 1957 foi transferido para a chefia da Seção de Informações do Estado-Maior do Exército (EME). A partir de junho seguinte, acumulou essa função com a de representante do Ministério da Guerra no Conselho Nacional do Petróleo (CNP). Pediu exoneração do CNP em 1958, mas retornou a esse órgão no ano seguinte e nele permaneceu até 1961, sendo promovido nesse período a general-de-brigada.

Em fevereiro de 1961, no início do governo Jânio Quadros, tornou-se oficial-de-gabinete do ministro da Guerra, marechal Odylio Denys. Em abril foi nomeado comandante do Comando Militar de Brasília e da 11ª RM. Com a renúncia do presidente Jânio em agosto e sua substituição pelo presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, assumiu a chefia do Gabinete Militar da presidência. Foi exonerado após a efetivação do presidente João Goulart em 7 de setembro.

Em 1962, foi designado para chefiar a Artilharia Divisionária da 5ª Divisão de Infantaria (DI) em Curitiba. No ano seguinte, tornou-se segundo subchefe do Departamento de Provisão Geral do Exército.

Um dos líderes do golpe militar de 1964, foi nomeado chefe do Gabinete Militar do presidente Humberto Castelo Branco. Promovido a general-de-divisão ainda em 1964 e a general-de-exército em 1966, deixou o Gabinete Militar no final do governo de Castelo, em março de 1967, e foi então nomeado ministro do Superior Tribunal Militar (STM). Aposentou-se do STM em 1969 e assumiu em seguida a presidência da Petrobras, cargo que deixou em julho de 1973.

Em janeiro de 1974, foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional. Durante sua gestão, colocou em prática um projeto liberalizante que abriu novas oportunidades de diálogo com a oposição. Após a morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek, em 22 de agosto de 1976, decretou luto oficial por três dias, na primeira homenagem feita pelo regime militar a um político cassado. Transmitiu o cargo em março de 1979 ao general João Batista Figueiredo. Com a extinção do bipartidarismo (27/10/1065) e a reorganização partidária subseqüente, tornou-se fundador do Partido Democrático Social (PDS). Em 1980, assumiu a presidência da Norquisa, na qual permaneceu por dez anos.

Casou-se com Luci Markus Geisel, com quem teve dois filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 12 de setembro de 1996.