Cristiano Machado
Cristiano Monteiro Machado nasceu em Sabará (MG) no dia 5 de novembro de 1893, filho de Virgílio Machado e de Marieta Monteiro Machado. Formou-se em farmácia no ano de 1910 pela Escola de Ouro Preto (MG). Em 1911, foi nomeado oficial recenseador no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Neste período, trabalhou com o pai em atividades madeireiras.
Em 1918, bacharelou-se pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, passando em seguida a advogar. Com a posse de Raul Soares na presidência de Minas Gerais em setembro de 1922, foi nomeado seu oficial-de-gabinete, permanecendo no cargo até 1924, quando assumiu uma cadeira na Assembléia Legislativa do estado.
Renunciou ao mandato em 1925 para tornar-se diretor do Banco de Crédito Real de Minas Gerais, exonerando-se em setembro do ano seguinte para ocupar a prefeitura de Belo Horizonte, a convite do novo presidente do estado, Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.
No pleito de março de 1930, conseguiu uma cadeira na Câmara dos Deputados na legenda do Partido Republicano Mineiro (PRM). Entretanto, renunciou ao mandato em setembro do mesmo ano para ocupar a Secretaria do Interior do governo estadual de Olegário Maciel. Deixou este cargo dois meses depois e no ano seguinte participou da tentativa de deposição de Maciel.
Participou em seguida das articulações do Acordo Mineiro, o qual deu origem ao Partido Social Nacionalista (PSN).
Em fevereiro de 1932, Cristiano foi eleito para o conselho consultivo do Clube 3 de Outubro, organização que congregava nacionalmente as correntes tenentistas partidárias do aprofundamento das reformas instituídas pela Revolução de 1930. Entretanto, desligou-se do Clube pouco depois. Diante da Revolução Constitucionalista de 1932, não teve uma posição ostensiva, apesar de simpático ao movimento.
Eleito para a nova comissão executiva do PRM, no pleito de maio de 1933 conseguiu uma cadeira na Constituinte que se reuniria em novembro. Com a morte de Olegário Maciel em setembro de 1933, os grupos políticos do estado se dividiram entre as candidaturas de Gustavo Capanema e Virgílio de Melo Franco, sendo esse último o candidato de Cristiano Machado. Entretanto, Getúlio Vargas, procurando não fortalecer nenhuma das correntes políticas locais, nomeou Benedito Valadares para a chefia do Executivo estadual.
Em outubro de 1934, Cristiano foi eleito deputado federal pelo PRM. Renunciou ao mandato legislativo em setembro de 1936, para ocupar a Secretaria de Educação e Saúde Pública de Minas Gerais no governo de Benedito Valadares. Deixou este cargo em novembro de 1945, em decorrência da deposição de Getúlio Vargas (29/10/1945) e do conseqüente término do governo Valadares.
Ainda em 1945, filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD), em cuja legenda foi eleito deputado à Constituinte de 1946. Para o pleito de 1950, teve seu nome lançado pelo PSD à sucessão do presidente Eurico Dutra. Apesar de Vargas nada ter obstado à escolha de Cristiano, a ala getulista do PSD do Rio Grande do Sul recusou-se a aceitar sua candidatura. Embora o PSD ficasse dividido, o nome de Cristiano Machado foi aclamado no dia 9 de junho, na convenção nacional do partido, que não contou com a presença de grande parte dos representantes gaúchos.
Nas eleições de 3 de outubro de 1950, Getúlio Vargas, candidato pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) saiu vitorioso, contando, inclusive, com votos de vários redutos do PSD. O refluxo do setor getulista deste partido em relação à candidatura de Cristiano Machado e a transferência de seus votos para Vargas configuraram um processo de esvaziamento eleitoral que ficou conhecido no jargão político como "cristianização".
Em 1953, foi nomeado embaixador do Brasil junto à Santa Sé, em Roma.
Casou-se em primeiras núpcias com Celina Magalhães Gomes, com quem teve um filho, e em segundas núpcias, com Hilda von Sperling. Faleceu em sua residência oficial em Roma no dia 26 de dezembro de 1953.