Carlos Lacerda

  • Carlos Lacerda durante campanha eleitoral. Rio de Janeiro, 1958. FGV/CPDOC, Arq. Afonso Arinos.

Carlos Frederico Werneck de Lacerda nasceu na cidade do Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 30 de abril de 1914, filho de Maurício Paiva de Lacerda e de Olga Werneck de Lacerda. Iniciou a carreira de jornalista em 1929, aos 15 anos, escrevendo para o Diário de Notícias. Ainda estudante, aluno da Faculdade de Direito, aproximou-se dos ideais comunistas e da Aliança Nacional Libertadora (ANL). Em 1939 rompeu com essa ideologia e passou a escrever artigos anticomunistas. Filiou-se à União Democrática Nacional (UDN) em 1945, e dois anos mais tarde tornou-se vereador no Distrito Federal. Em 1949 fundou o diário Tribuna da Imprensa, que viria a se tornar o principal porta-voz da oposição durante o segundo governo Vargas (1951-1954).
Vítima de um atentado em agosto de 1954, no qual foi baleado fatalmente o major da Aeronáutica Rubens Vaz, denunciou na imprensa que o crime havia sido encomendado pelo Palácio do Catete, o que agravou a crise político-militar, que teria como desfecho o suicídio do presidente Getúlio Vargas. Ainda em 1954 foi eleito deputado federal.

Com o início da campanha para as eleições presidenciais de 1955, articulou o apoio da UDN à candidatura de Juarez Távora, também apoiada pelo Partido Democrata Cristão (PDC) e pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Diante da possibilidade de vitória da chapa Juscelino Kubitschek/João Goulart, da coligação formada pelo Partido Social Democrático (PSD) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), a ala udenista radical que liderava passou a preconizar cada vez mais abertamente o golpe militar para impedir a eleição de Kubitschek.

Na Câmara dos Deputados, como porta-voz da UDN, Lacerda manifestou-se contra a posse de Juscelino e Goulart e voltou a defender a intervenção das forças armadas no processo sucessório. A articulação golpista seria no entanto debelada pelo Movimento do 11 de Novembro, que garantiu a posse dos eleitos. Lacerda asilou-se na embaixada de Cuba e, após obter um salvo conduto pela interferência do embaixador cubano no Brasil, ainda no mês de novembro embarcou para Cuba, de onde partiu para os Estados Unidos. Durante sua estada nos Estados Unidos, foi correspondente da Tribuna da Imprensa e colaborou também com O Globo e O Estado de S. Paulo. Em meados de 1956 transferiu-se para Lisboa e, no mês de novembro, retornou ao Brasil. Ao desembarcar no Rio, foi recebido por grande manifestação popular e logo em seguida reassumiu o mandato de deputado federal e a direção da Tribuna da Imprensa. Nas duas tribunas deu início, de imediato, aos ataques ao governo Kubitschek.

Reeleito deputado federal em 1958, defendeu a autonomia do Rio de Janeiro e a criação do estado da Guanabara. Nas eleições de 1960, apoiou a candidatura vitoriosa do ex-governador de São Paulo Jânio Quadros à presidência da República e elegeu-se o primeiro governador da Guanabara. Deu apoio ao golpe de 1964, mas logo incompatibilizou-se com o regime militar, ao ver fracassado seu plano de chegar à presidência da República. Em 1966, articulou sem sucesso o movimento oposicionista da Frente Ampla com os ex-presidentes João Goulart e Juscelino Kubitschek. Teve seus direitos políticos cassados em 1968.

Casou-se com Letícia Abuzzini de Lacerda, com quem teve três filhos. Faleceu no Rio de Janeiro em 21 de maio de 1977.