Cândido Portinari

  • Cândido Portinari entre Gustavo Capanema (à esq.) e Lourival Fontes durante banquete em sua homenagem. Rio de Janeiro, 2 de setembro de 1940. FGV/CPDOC, Arq. Gustavo Capanema.

Cândido Torquato Portinari nasceu em Brodósqui (SP) no dia 29 de dezembro de 1903. Filho de imigrantes italianos, foi criado numa fazenda de café o que marcou profundamente sua produção artística. Já adulto lembrava: "Impressionavam-me os pés dos trabalhadores das fazendas de café. Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e espinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e valas, vincos como rios."

Aos 15 anos, Portinari foi para o Rio de Janeiro e matriculou-se na Escola Nacional de Belas Artes, onde estudou com Lucílio Albuquerque e Rodolfo Amoedo. Em 1928, com o retrato de Olegário Mariano, conquistou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Belas Artes. Permaneceu em Paris durante o ano de 1930. No ano seguinte, a convite de Lúcio Costa, então diretor da Escola Nacional de Belas Artes, participou do Salão de Arte Moderna. Em 1932, realizou exposição individual no Palace Hotel do Rio de Janeiro. Em 1935, obteve a 2ª Menção Honrosa na Exposição Internacional do Instituto Carnegie, de Pittsburgh, nos Estados Unidos, com a tela "Café". Nesse mesmo ano lecionou no Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal. A convite do ministro da Educação Gustavo Capanema, em 1936 realizou seu primeiro mural, para o Monumento Rodoviário da estrada Rio-São Paulo.

Entre 1936 e 1945 realizou vários murais sobre os ciclos econômicos brasileiros e painéis de azulejos no recém-construído edifício do Ministério da Educação no Rio de Janeiro. Esses trabalhos representaram um marco na evolução da arte de Portinari, reafirmando sua escolha pela temática social. Em 1939, realizou três painéis para o pavilhão brasileiro na Exposição Internacional de Nova Iorque. Foi convidado, em 1940, para executar os murais da Fundação Hispânica da Biblioteca do Congresso em Washington, em torno de temas da história latino-americana.

Em 1943, de volta ao Brasil, realizou oito painéis conhecidos como Série Bíblica, onde deixou visível a influência da obra de Picasso, "Guernica".

A convite do arquiteto Oscar Niemeyer, iniciou obras de decoração do conjunto arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte, destacando-se, na Igreja de S. Francisco, o mural de S. Francisco e a Via Sacra. Sensibilizado com o clima violento da guerra, reforçou ainda mais o cunho social de suas obras com telas como "Os Retirantes" (1944) e "Meninos de Brodósqui" (1946). Foi por essa ocasião que decidiu entrar para o Partido Comunista Brasileiro (PCB), pelo qual foi candidato a deputado em 1945 e a senador em 1947.

Casou-se com Maria Portinari, com quem teve um filho. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 6 de fevereiro de 1962.