07. De Volta à Câmara dos Deputados (1946 - 1950)

  • Agamenon Magalhães, Gustavo Capanema, Benedito Valadares, José Maria Alkmin e outros durante os trabalhos da Assembléia Constituinte de 1946, no Rio de Janeiro. FGV/CPDOC. Arq. Agamenon Magalhães.
  • Assinatura de Juscelino Kubitsheck e de outros constituintes no texto da Constituição promuldaga em 18 de setembro de 1946. Extraído de edição fac-símile da Constituição Federal de 1946. Biblioteca FGV.
  • Assinatura de Juscelino Kubitsheck e de outros constituintes no texto da Constituição promuldaga em 18 de setembro de 1946. Extraído de edição fac-símile da Constituição Federal de 1946. Biblioteca FGV.

O resultado da eleição de 2 de dezembro de 1945 foi uma ampla vitória do Partido Social Democrático (PSD), tanto em nível nacional quanto estadual. O partido conseguiu eleger 26 senadores contra dez da União Democrática Nacional (UDN) e dois da coligação UDN - Partido Republicano (PR), além de 151 deputados constituintes, contra 80 da UDN e três da coligação UDN-PR. Eurico Dutra conquistou a presidência da República, derrotando por larga margem de votos o candidato udenista Eduardo Gomes. Juscelino Kubitschek foi o segundo candidato mais votado em seu estado e, ao se instalar a Assembléia Nacional Constituinte, em 5 de fevereiro de 1946, iniciou seu novo mandato.

Receoso de que Dutra, ao assumir o governo, nomeasse um de seus adversários políticos para a prefeitura de Belo Horizonte, Juscelino conseguiu convencer o presidente eleito a nomear para o cargo o engenheiro Pedro Laborne Tavares, que havia sido um de seus mais eficientes colaboradores como diretor de obras da prefeitura.

Promulgada a nova Carta em 18 de setembro de 1946, a Assembléia Constituinte foi transformada em Congresso ordinário, e Juscelino permaneceu no exercício de seu mandato na Câmara. As eleições para os governos estaduais foram marcadas para o dia 19 de janeiro do ano seguinte, e diante disso alguns líderes pessedistas que formavam a chamada "ala liberal" passaram a articular a candidatura do ministro da Justiça, Carlos Luz, ao governo de Minas. Entretanto, após diversas reuniões, a "ala ortodoxa" do PSD, da qual Juscelino fazia parte, sob a liderança de Benedito Valadares, decidiu indicar José Francisco Bias Fortes, o que ocasionou uma cisão no seio da comissão executiva. Em meio a essa situação, os líderes dos antigos "comitês de bairro" iniciaram uma campanha em favor da candidatura de Juscelino, espalhando cartazes por toda Belo Horizonte com a frase: "Queremos Juscelino". Diante do movimento que se avolumava, Juscelino convocou uma reunião e convenceu os líderes dos comitês da impossibilidade de concorrer ao governo do estado, em virtude do compromisso que havia firmado em relação à candidatura de Bias Fortes.

A fragmentação ocorrida no PSD propiciou a vitória do candidato udenista Mílton Campos, que contou com o apoio dos pessedistas dissidentes. No dia 24 de janeiro de 1947, antes mesmo da publicação oficial do resultado das eleições, Valadares foi substituído na presidência do PSD por Nereu Ramos, que havia sido eleito pela Constituinte vice-presidente da República.

A partir de março de 1947, Juscelino desencadeou franca oposição ao governo de seu estado. No exercício de seu mandato na Câmara, participou da Comissão Permanente de Transportes e Comunicação. De maio a julho de 1948, viajou aos Estados Unidos e Canadá. Segundo suas memórias, essa viagem teria exercido grande influência em suas concepções político-administrativas, por convencê-lo de que o Brasil só atingiria pleno desenvolvimento através de uma industrialização intensa e diversificada. Ao regressar, dedicou-se à tarefa de unificação do PSD em Minas, exortando os dissidentes à coesão no seio do partido para que tivessem início as conversações sobre as sucessões presidencial e estadual a serem disputadas em 3 de outubro de 1950.