03. O Ingresso na Política
Com o falecimento de Olegário Maciel em 5 de setembro de 1933, agitou-se o cenário político mineiro para a escolha de seu sucessor no governo de Minas. Os principais concorrentes eram Gustavo Capanema, que assumiu interinamente o cargo, e Virgílio de Melo Franco. No entanto, em 12 de dezembro, o presidente Getúlio Vargas deu uma solução inesperada ao caso, nomeando Benedito Valadares interventor federal. Este, ao tomar posse no dia seguinte, convidou Juscelino Kubitschek para ser o chefe de seu Gabinete Civil. Juscelino aceitou o convite e abandonou temporariamente a atividade médica, inclusive a tese que vinha preparando para concorrer a uma cátedra na Faculdade de Medicina.
Na chefia do Gabinete Civil de Valadares, Juscelino tornou-se uma espécie de "advogado" das causas de seu município natal. Com a ajuda de Israel Pinheiro, então secretário da Viação e Obras Públicas do estado, conseguiu verba extra para construir uma ponte que ligaria Diamantina à cidade de Rio Vermelho, centro comercial da região. Essa foi a primeira obra pública executada por sua iniciativa.
Em abril de 1934, por influência de Valadares, filiou-se ao Partido Progressista de Minas Gerais (PP), então chefiado pelo ex-presidente do estado Antônio Carlos Ribeiro de Andrada. O PP, partido situacionista fundado em fevereiro de 1933 para concorrer às eleições daquele ano para a Assembléia Nacional Constituinte, tivera como principais orientadores até então Olegário Maciel e Benedito Valadares.
Em setembro de 1934, Juscelino foi indicado por Antônio Carlos para ocupar a secretaria do partido. Candidato a deputado federal nas eleições de 14 de outubro seguinte, obteve a maior votação em Minas e renunciou ao Gabinete Civil. As eleições federais coincidiram com as eleições para as assembléias constituintes estaduais, encarregadas de eleger governadores e senadores. Contando com o apoio unânime dos deputados do PP, que constituíam a maioria, Benedito Valadares foi eleito governador constitucional do estado.