02. No Exercício da Medicina

  • Maria da Conceição, ou Naná, irmã de Juscelino Kubitshec. S.I., s.d. Reproduzido do livro Meu caminho para Brasília, de Juscelino Kubitsheck. Rio de Janeiro, Bloch Editores S.A, 1974.
  • Juscelino Kubitsheck (2° da dir.), como anestesista, em cirurgia realizada pelo Dr. Júlio Soares. Minas Gerais, julho de 1929. Biblioteca José Mindlin, Arq. Francisco de Assis Barbosa.
  • O capitão Juscelino Kubitsheck, médico da Polícia Militar de Minas Gerais, com José Maria Alkmin e um padre. Minas Gerais, 1927 ou 1930? Arquivo Nacional.
  • Juscelino e Sarah Kubitsheck. Nova Iorque, 1948. Reproduzido do livro Meu caminho para Brasília, de Juscelino Kubitsheck. Rio de Janeiro, Bloch Editores S.A., 1974.
  • O capitão-médico Juscelino Kubitsheck (sentado, à esq.) e outros oficiais da Força Pública mineira durante a Revolução Constitucionalista. Passa Quatro (MG), 1932. FGV/CPDOC. Arq. Gustavo Capanema.
  • O capitão-médico Juscelino Kubitsheck (ao centro) e outros integrantes das tropas da Foça Pública mineira durante a Revolução Constitucionalista. Passa Quatro(MG), 1932. FGV/CPDOC. Arq. Gustavo Capanema.
  • O capitão-médico Juscelino Kubitsheck(sentado) e outros oficiais médicos durante a Revolução Constitucionalista. S.I., 1932. FGV/CPDOC. Doação Yasuhiko Nakamura.
  • Tropas diante de túnel ferroviário durante a Revolução Constitucionalista em 1932. Revista Careta, 1 de outubro de 1932.

Em meados de 1921, Juscelino decidiu ingressar em um curso preparatório para o exame vestibular. Data dessa época o início de sua amizade com Júlio Soares, então estudante de medicina, que mais tarde se casaria com sua irmã Naná e exerceria grande influência em sua vida.

Aprovado no vestibular, Juscelino matriculou-se, em janeiro de 1922, na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte. Durante os seis anos de curso, manteve o emprego de telegrafista-auxiliar. Um de seus colegas de repartição era José Maria Alkmin, com quem estabeleceu amizade.

Ao diplomar-se em dezembro de 1927, Juscelino foi convidado por Júlio Soares para ser seu assistente na Clínica Cirúrgica da Santa Casa de Misericórdia, em Belo Horizonte, e também sócio de seu consultório particular. Permaneceu vinculado à Faculdade de Medicina como assistente da cadeira de física médica, regida pelo professor Baeta Viana, e pouco mais tarde tornou-se médico da Caixa Beneficente da Imprensa Oficial, posto para o qual foi nomeado por interferência de Alkmin, subdiretor do órgão durante o governo de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (1926-1930).

Na eleição presidencial disputada em março de 1930, Juscelino apoiou o movimento da Aliança Liberal, que lançou a chapa Getúlio Vargas-João Pessoa, derrotada pela chapa situacionista Júlio Prestes-Vital Soares. Em abril, reunindo as economias feitas no exercício da medicina, seguiu para Paris com o objetivo de se especializar em urologia. Fez o curso do professor Maurice Chevassu no Hospital Cochin e, aproveitando a ocasião, visitou alguns países da Europa e do Oriente Médio. Encontrava-se ainda no exterior quando eclodiu a Revolução de 1930. Ao regressar, em fins de novembro, o movimento era vitorioso e Getúlio Vargas já havia assumido a chefia do Governo Provisório da República. Graças à participação de Minas no movimento, o presidente do estado, Olegário Maciel, foi o único governante estadual eleito antes da revolução que foi mantido no poder.

Além de reassumir seus empregos em Belo Horizonte, Juscelino montou seu próprio consultório. Em 1931, por intermédio de seu futuro concunhado, Gabriel Passos, na época secretário particular de Olegário, foi nomeado médico do Hospital Militar da Força Pública do estado. Foi então encarregado de organizar o Serviço de Laboratório e Pesquisas do hospital e em seguida passou a chefiar o Serviço de Urologia, no posto de capitão-médico.

Em 30 de dezembro de 1931, casou-se com Sarah Gomes de Lemos, filha do ex-deputado federal Jaime Gomes de Sousa Lemos e prima de Francisco Negrão de Lima e de Otacílio Negrão de Lima.

Em decorrência da intensificação dos conflitos entre a oligarquia paulista e o governo federal, em 9 de julho de 1932 eclodiu a Revolução Constitucionalista em São Paulo. Durante os primeiros dias da conflagração o governo mineiro permaneceu indeciso, hesitando em ordenar a mobilização da Força Pública, mas em 15 de julho Olegário Maciel definiu a posição de Minas, de apoio ao Governo Provisório. No dia seguinte, tropas mineiras foram enviadas para o sul do estado a fim de conter o avanço das forças paulistas na região. Como médico do Hospital Militar, Juscelino embarcou junto com o 1º Batalhão da Força Pública, sob o comando do tenente-coronel Francisco de Campos Brandão, com destino à Zona do Túnel (nome dado à região ao sul de Minas na serra da Mantiqueira, fronteira com São Paulo, onde fora construído um túnel ferroviário). Em Passa Quatro (MG) recebeu ordens para instalar um hospital de sangue, devido ao grande número de baixas ocorridas. Era o único médico do pequeno hospital, que funcionava em condições precárias, por falta de recursos. Na ocasião, estabeleceu amizade com Benedito Valadares, que exercia a função de delegado federal na região.

Diante de pressão crescente das forças legalistas, na noite de 12 para 13 de setembro de 1932 os rebeldes abandonaram a luta na Zona do Túnel. Juscelino foi então incumbido de transferir os feridos de Passa Quatro para Guaxupé e Varginha (MG), cidades que dispunham de mais recursos médicos. Após executar essa tarefa, obteve permissão para retornar a Belo Horizonte. O movimento revolucionário, porém, só foi sufocado em 2 de outubro, com a capitulação dos paulistas.