Partido Social Democrático (PSD)

  • Juscelino Kubitsheck é saudado durante convenção do PSD que homologou sua candidatura à presidência da República. Rio de Janeiro, 10 de fevereiro de 1955. FGV/CPDOC, Arq. Ernani do Amaral Peixoto.
  • Ernani do Amaral Peixoto (5° da esq., na mesa) e Juscelino Kubitsheck (6°), entre outros, em reunião do PSD. S.I., s.d. FGV/CPDOC, Arq. Ernani do Amaral Peixoto.
  • Convenção do PSD carioca para homologar a candidatura de Ângelo Mendes de Morais ao governo do estado. Rio de Janeiro, 27 de junho de 1960. FGV/CPDOC, Arq. Augusto do Amaral Peixoto.
  • Moisés Lupion (2° da esq.), Israel Pinheiro (3°), Ernani do Amaral Peixoto (4°) e José Maria Alkmin (5°) em reunião do PSD. Arq. Israel Pinheiro Filho.

Partido político de âmbito nacional fundado em 17 de julho de 1945 sob o comando dos interventores estaduais nomeados pelo presidente Getúlio Vargas durante o Estado Novo. Sua criação esteve relacionada às articulações das lideranças ligadas a Vargas para se contrapor ao lançamento da candidatura presidencial do brigadeiro Eduardo Gomes pela União Democrática Nacional (UDN). Em seu programa o PSD defendia a legislação trabalhista e a intervenção do Estado na economia. A primeira comissão diretora do partido era composta por Getúlio Vargas (presidente), Benedito Valadares (1º vice-presidente) e Fernando Costa (2º vice-presidente). Na prática, porém, Vargas jamais assumiu suas funções, que a princípio ficaram a cargo de Benedito Valadares em caráter interino. Em seguida, a presidência do PSD foi exercida por Nereu Ramos (1947-49), Cirilo Júnior (1949-51) e Ernani do Amaral Peixoto (1951-65).

Nas eleições presidenciais realizadas em dezembro de 1945 o PSD apoiou a candidatura vitoriosa do general Eurico Dutra, ex-ministro da Guerra de Vargas. Em 1950, lançou a candidatura de Cristiano Machado à presidência. As lideranças mais expressivas do partido aderiram, porém, à candidatura de Getúlio Vargas, eleito pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Durante o governo Vargas, o PSD assumiu grande participação no ministério e liderou a maioria no Congresso Nacional. Apesar de majoritário, o partido foi incapaz de evitar a sucessão de crises entre governo e oposição, que culminaram com o suicídio do presidente em 24 de agosto de 1954.

Para o pleito de 1955, o PSD formalizou uma aliança com o PTB em apoio à candidatura presidencial de Juscelino Kubitschek, sendo indicado para vice o trabalhista João Goulart. No governo Kubitschek, depois de participar de dois governos como coadjuvante, o PSD passou a representar o papel de protagonista. A aliança PSD-PTB, que levara Juscelino ao poder, revelou-se um importante suporte político para a sustentação do governo, embora as relações entre os dois partidos e entre o PTB e o Executivo não tenham sido tranqüilas durante todo o período.

O PTB ficou responsável pelos ministérios do Trabalho e da Agricultura, cabendo ao PSD as pastas da Justiça, Relações Exteriores, Fazenda, Saúde, Educação e Viação e Obras Públicas. Na implementação do Plano de Metas e na construção de Brasília, o papel exercido pelo PSD foi decisivo em duas instâncias fundamentais: no exercício de funções administrativas e no suporte legislativo.

No Congresso Nacional o apoio do PSD a Juscelino foi praticamente total, contribuindo para isso a determinante atuação, nos primeiros anos de governo, da "Ala Moça" do partido, formada por jovens deputados que lutavam por uma renovação do comando da legenda. Uma exceção a esta regra foi a votação do projeto que criou a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) em 1959. Na ocasião, alguns parlamentares pessedistas - principalmente os da bancada nordestina - resistiram à indicação de Celso Furtado para ocupar a superintendência do órgão, por não ser ele um elemento que representasse as oligarquias regionais. Mais ainda, o PSD temia que a instalação da Sudene significasse o desmantelamento de suas tradicionais áreas de dominação política.

Com a aproximação das eleições legislativas de 1958, Juscelino promoveu uma reforma ministerial visando atrair as lideranças tradicionais do partido e, com isso, garantir uma ampla votação para o PSD, tendo em vista a manutenção da governabilidade. No Congresso, a situação já se vinha alterando desde o início do ano legislativo. A "Ala Moça" perdeu todo o apoio que recebia de Juscelino e não conseguiu resistir à pressão dos antigos líderes, passando seus membros a integrar a Frente Parlamentar Nacionalista (FPN).

No pleito de 1960, o PSD e o PTB formalizaram nova aliança e lançaram as candidaturas do general Henrique Teixeira Lott e de João Goulart a presidente e a vice-presidente da República, respectivamente. Goulart foi reeleito, porém Lott não obteve êxito, sendo derrotado por Jânio Quadros. Com isso, o PSD passou a liderar o bloco de oposição no Congresso. Em 1961, o partido desempenhou importante papel na crise que se sucedeu à renúncia de Jânio, contribuindo para garantir a posse de Goulart.  

Após as eleições legislativas de 1962, a aliança PSD-PTB começou a dar sinais de rompimento. O período presidencialista de João Goulart marcou a deterioração do acordo, manifestando-se inclusive no apoio de algumas lideranças pessedistas ao movimento militar de 1964. No início da gestão do presidente Humberto Castelo Branco, o PSD integrou o bloco parlamentar de apoio ao governo, retirando-se logo depois em protesto contra a cassação de Juscelino Kubitschek. Assim como os demais partidos políticos em funcionamento no país, o PSD foi extinto em 27 de outubro de 1965 pelo Ato Institucional nº 2 (AI-2).

Entre 1945 e 1965, o PSD exerceu ampla hegemonia sobre a política brasileira: além de eleger dois presidentes da República e um grande número de governadores, manteve sempre a maioria na Câmara dos Deputados e no Senado e foi o partido que mais indicou ministros no período.