Celso Furtado

Os documentos que integram o arquivo de Celso Furtado, e que se encontram em sua residência no bairro de Copacabana, abrangem, fundamentalmente, da segunda metade dos anos 1950 a meados da década seguinte, período em que o titular ocupou os cargos de superintendente da Sudene e ministro extraordinário do Planejamento, e o período em que foi ministro da Cultura - 1986 a 1988. O maior volume é de correspondências que versam sobre questões ligadas à Sudene, incluindo manifestações de apoio à sua indicação e às suas ações à frente do órgão recém-criado. Igualmente expressiva é a correspondência com companheiros de diversos organismos internacionais, como a Cepal e o Grupo de Planejamento do Desenvolvimento Econômico da ONU, tratando de temas diversos ligados aos problemas do desenvolvimento econômico brasileiro, mormente da região Nordeste, e de assuntos relacionados às atividades acadêmicas do titular, como referências aos seus diversos livros, homenagens que lhe foram prestadas, condecorações que lhe foram concedias, convites - para proferir conferências, participar de eventos, paraninfar turmas, integrar comissões e grupos de trabalho em organismos internacionais - além de pedidos e solicitações. Há documentos, por exemplo, sobre fontes de financiamento para a implantação de projetos de desenvolvimento do Nordeste; sobre o Plano Trienal do governo João Goulart, executado sob a direção de Celso Furtado e do ministro da Fazenda, San Tiago Dantas; e sobre a visita oficial realizada pelo titular aos Estados Unidos em 1961. A documentação inclui, ainda, manuscritos de textos, artigos e discursos do titular, inclusive alguns com indicação de terem sido redigidos como subsídios a discursos proferidos pelo presidente da República, João Goulart. A documentação referente ao Ministério da Cultura inclui, igualmente, correspondência e grande volume de recortes de jornais com matérias relacionadas às atividades do ministério e ao ministro Celso Furtado. Para o período anterior aos anos de 1950, destacam-se alguns documentos pessoais, como carteiras de identificação, diplomas e certificados e um diário da época em que Celso Furtado tinha 17 anos. O acervo possui, ainda, alguns documentos referentes à participação de Celso Furtado na Segunda Guerra Mundial, como salvo-conduto, cópias de cartas remetidas ao Brasil e vários cadernos com anotações de leitura datados da época em que o titular permaneceu em Paris para se doutorar, na segunda metade dos anos de 1940. Finalmente, constam do arquivo os originais manuscritos do livro "Formação econômica do Brasil", com o titulo "Introdução à economia brasileira". Com relação a esse documento, foi relatado que o mesmo foi extraviado quando Celso Furtado o remeteu da Inglaterra a seu pai. Como um amigo havia tido a iniciativa de microfilmá-lo antes que fosse postado, foi possível sua recuperação. Celso Furtado, ao transcrever os microfilmes, foi revendo e alterando o seu próprio texto. Por essa razão, o livro publicado em 1959 apresenta diferenças com relação aos originais manuscritos, inclusive o título.

A parcela do arquivo de Celso Furtado descrita neste Guia é composta por um expressivo conjunto de documentos relacionados ao governo JK. Trata-se das pastas com documentos acumulados durante os anos em que o titular foi superintendente da Sudene. São correspondências abordando assuntos de interesse do órgão, como projetos, fontes de financiamento e contatos com personalidades e instituições internacionais, com vistas a tornar o órgão política e financeiramente capacitado a executar os projetos e programas de desenvolvimento da região Nordeste. Existem, ainda, documentos anteriores à criação da Sudene, como aqueles relativos ao Conselho de Desenvolvimento do Nordeste - Codeno e à participação de Celso Furtado na Comissão Econômica para a América Latina e Caribe - Cepal.

A parcela do arquivo localizada no bairro de Copacabana possui um volume relativamente pequeno de fotografias se considerarmos a abrangência da atuação pública de Celso Furtado. São fotos dos anos 1980, principalmente, do período em que o titular ocupou o cargo de ministro da Cultura. Há, ainda, algumas fotos referentes à participação do titular na Segunda Guerra Mundial, como oficial da FEB.