Renato Archer

  • Renato Archer . Brasília, s.d. FGV/CPDOC, Arq. Ulisses Guimarães.

Renato Bayma Archer da Silva nasceu em São Luís (MA) no dia 10 de julho de 1922, filho de Sebastião Archer da Silva e de Maria José Bayma Archer da Silva.

Cursou a Escola Naval e em 1945 saiu guarda-marinha. Iniciou sua vida pública em 1947 como oficial-de-gabinete de seu pai no governo do Maranhão. No ano seguinte, contudo, após um desentendimento com o senador Vitorino Freire, afastou-se do cargo. Em outubro de 1950 concorreu a vice-governador do estado na chapa do Partido Social Democrático (PSD). Após ser empossado, preferiu aguardar fora do estado uma eventual convocação para substituir o titular do governo. Licenciado do serviço ativo da Marinha, foi promovido a capitão-tenente em março de 1952.

Nas eleições de outubro de 1954 elegeu-se deputado federal pelo Maranhão na legenda do PSD e em abril do ano seguinte foi promovido a capitão-de-corveta. Na Câmara dos Deputados, integrou a chamada Ala Moça do PSD, que defendia a renovação dos métodos partidários. Identificado com a candidatura de Juscelino Kubitschek às eleições presidenciais de outubro de 1955, o grupo contribuiu efetivamente para sustentá-la frente às tentativas de veto formuladas por outros setores do partido.

A vitória de Kubitschek e sua posse, em 31 de janeiro de 1956, consolidaram o prestígio da Ala Moça, aprofundando as divergências no interior do partido. Além disso, as tentativas golpistas ocorridas antes e imediatamente após o início do governo, empreendidas por setores das forças armadas sob a influência da União Democrática Nacional (UDN), aumentaram os receios da cúpula pessedista em relação ao novo presidente. Tudo isso contribuiu para que aos integrantes da Ala Moça coubessem os postos-chave no Congresso, onde o PSD era maioria.

Também em janeiro de 1956 Renato Archer concluiu o mandato de vice-governador, sem ter assumido o governo. Durante os trabalhos legislativos, participou da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) encarregada de investigar o problema da energia atômica no Brasil. Sua atuação no debate sobre a política de energia nuclear valeu-lhe a indicação, ainda em 1956, para a Agência Internacional de Energia Atômica, onde foi representante do governo brasileiro por dois anos.

Nas eleições de outubro de 1958 reelegeu-se deputado federal pelo Maranhão, sempre na legenda do PSD. Em janeiro de 1961 foi transferido para a reserva remunerada, promovido a capitão-de-fragata. Durante a gestão de San Tiago Dantas no Ministério das Relações Exteriores (1961-1962), ocupou a subsecretaria da pasta. Deixou a subsecretaria do Itamarati em junho de 1962 para concorrer às eleições legislativas de outubro.

Desde essa época começou a articular o retorno de Juscelino Kubitschek à presidência da República nas eleições previstas para outubro de 1965. Trabalhou nessa candidatura mesmo após o movimento político-militar que, em 31 de março de 1964, depôs o presidente João Goulart. Com a extinção dos partidos políticos em conseqüência do Ato Institucional nº 2 (AI-2), e a posterior instauração do bipartidarismo, filiou-se ao oposicionista Movimento Democrático Brasileiro (MDB), pelo qual, nas eleições de novembro de 1966, voltou a eleger-se deputado federal.

Renato Archer foi um dos principais articuladores da Frente Ampla, lançada oficialmente em outubro de 1966 com o objetivo de unificar a oposição ao regime militar em torno dos ex-presidentes Juscelino Kubitschek e João Goulart e do ex-governador Carlos Lacerda.

Em dezembro de 1968, alguns dias após a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), teve seu mandato cassado e os direitos políticos suspensos por dez anos. Em novembro de 1970, já no governo do presidente Emílio Médici, foi preso pela terceira vez e mantido incomunicável por 20 dias. Forçado dessa forma a abandonar a vida pública, dedicou-se à iniciativa privada. Antes mesmo de cumprir o prazo de suspensão de seus direitos políticos, participou em 1978 da Frente Nacional de Redemocratização. Ao readquirir a plenitude de sua cidadania, voltou ao MDB e, com o fim do bipartidarismo, foi um dos fundadores do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Em 1984 participou ativamente da campanha pelo restabelecimento das eleições diretas para a presidência da República. No governo José Sarney (1985-1990), chefiou o Ministério da Ciência e Tecnologia até outubro de 1987. No governo Itamar Franco (1992-1995), presidiu a Empresa Brasileira de Telecomunicações.

Casou-se em primeiras núpcias com Madeleine Deutsch Archer, com quem teve uma filha, e em segundas núpcias com Maria da Glória Archer. Faleceu em São Paulo no dia 20 de junho de 1996.