Ranieri Mazzilli

  • Juscelino Kubitsheck tendo à sua direita Ranieri Mazzilli e à esquerda João Goulart. Brasília, 7 de setembro de 1960. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.

Pascoal Ranieri Mazzilli nasceu em Caconde (SP) no dia 27 de abril de 1910, filho de Domingos Mazzilli e de Ângela Luizzi Mazzilli. Seus pais, imigrantes italianos, eram comerciantes e fazendeiros no nordeste paulista.

Em 1930 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, mas, com a eclosão do movimento revolucionário de outubro, interrompeu os estudos e no ano seguinte começou a trabalhar como coletor estadual em Taubaté (SP). Substituído no cargo após a Revolução Constitucionalista de 1932, retornou à capital paulista e dedicou-se ao jornalismo, especializando-se em assuntos fiscais. Trabalhou como coletor fiscal em Sorocaba (SP), Jundiaí (SP) e Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Em 1940 bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Niterói (RJ).

Foi diretor do Tesouro Público Nacional e diretor da Divisão do Imposto de Renda. Com o desgaste do regime do Estado Novo e o início do processo de redemocratização do país, filiou-se em 1945 ao Partido Social Democrático (PSD). No início do governo de Eurico Dutra (1946-1951), foi nomeado secretário-geral de Finanças da Prefeitura do Distrito Federal e, em junho de 1947, foi designado diretor da Caixa Econômica Federal do Rio de Janeiro. Ocupou esse cargo até julho de 1948, e em seguida foi nomeado diretor do Banco da Prefeitura do Distrito Federal.

Em junho de 1949, assumiu a chefia de gabinete do ministro da Fazenda, Guilherme da Silveira, cargo que ocupou até janeiro de 1951. Em outubro de 1950, elegeu-se deputado federal por São Paulo na legenda do PSD. Desde o início de seu mandato, em fevereiro de 1951, assumiu a liderança da bancada paulista do partido. Reeleito em 1954, teve o apoio de Juscelino Kubitschek, então governador de Minas, para candidatar-se novamente á presidência da Câmara. Foi porém derrotado pelo também pessedista mineiro Carlos Luz, eleito com o apoio da União Democrática Nacional (UDN).

Após a eleição de Kubitschek para a presidência da República em outubro de 1955, Mazzilli votou na Câmara a favor de todos os atos que visavam a assegurar a posse do presidente eleito, entre eles o impedimento de Carlos Luz e Café Filho, a posse do vice-presidente do Senado Nereu Ramos na presidência da República e a decretação do estado de sítio até 31 de janeiro de 1956.

Reeleito deputado federal em outubro de 1958, Mazzilli candidatou-se pela segunda vez à presidência da Câmara, contra a orientação de seu próprio partido, que apoiou a candidatura do pessedista baiano Antônio Ferreira de Oliveira Brito. Negociando dessa vez o apoio da UDN e de outros partidos de oposição, Mazzilli foi eleito em fevereiro de 1959. Ainda nesse ano, fez o curso da Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro. Desde então, foi reeleito anualmente presidente da Câmara em seis eleições sucessivas.

Em agosto de 1960, estando o presidente Kubitschek em Portugal e o vice João Goulart impossibilitado de assumir o cargo por ser mais uma vez candidato à vice-presidência da República na chapa do marechal Henrique Lott, coube a Mazzilli assumir pela primeira vez a presidência interina da República. A segunda ocasião em que isso ocorreu foi durante a crise que se seguiu à renúncia do presidente Jânio Quadros, em 25 de agosto de 1961. Exerceu então a presidência até a adoção do parlamentarismo no início de setembro e a posse de Goulart.  Durante nove dias, em abril de 1962, Mazzilli voltou a ocupar interinamente a presidência da República em virtude da viagem de Goulart aos Estados Unidos. Reeleito deputado federal em outubro seguinte, em junho de 1963 voltou a assumir interinamente a presidência, quando Goulart viajou para o Vaticano a fim de assistir à coroação do papa Paulo VI.  

Com a deposição de Goulart pelo golpe militar de 31 de março de 1964, Mazzilli assumiu novamente a presidência na madrugada do dia 2 de abril. Seu poder, no entanto, foi apenas formal, já que o país passou a ser governado de fato por uma junta formada pelos três ministros militares. No dia 15 de abril, transferiu o poder para o general Humberto Castelo Branco, eleito presidente pelo Congresso Nacional.

Em fevereiro de 1965, quando tentou sua última eleição para a presidência da Câmara, enfrentou a oposição do presidente Castelo Branco e foi derrotado por Olavo Bilac Pinto. Com a dissolução dos partidos políticos através do Ato Institucional nº 2 (AI-2), de 27 de outubro de 1965, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Não tendo sido reeleito no pleito de 1966, encerrou sua carreira política.

Casou-se com Sílvia Serra Mazzilli, com quem teve três filhos. Faleceu na cidade de São Paulo no dia 21 de abril de 1975.