Maurício Medeiros

  • Maurício Medeiros. s.i., Julho de 1958. Arquivo Nacional.

Maurício Campos de Medeiros nasceu no Rio de Janeiro, então capital do Império, em 14 de julho de 1885, filho de Joaquim José de Campos da Costa de Medeiros e de Maria Carolina Ribeiro de Medeiros. Diplomou-se em farmácia em 1903 e em 1907 concluiu o curso de medicina.

Depois de formado, substituiu seu irmão Medeiros e Albuquerque em uma seção diária da Gazeta de Notícias, iniciando sua longa militância na imprensa. Em 1914 tornou-se livre-docente das cadeiras de patologia geral na Faculdade de Medicina e de psicologia na Escola Normal do Distrito Federal, hoje Instituto de Educação. Em 1915 foi nomeado diretor-geral de Higiene do estado do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, foi eleito para a Câmara estadual fluminense na legenda do Partido Republicano (PR). Deixou a Câmara estadual em 1920 e foi eleito no ano seguinte deputado federal pelo estado do Rio. Em janeiro de 1922, licenciou-se do novo mandato a fim de prestar concurso para a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Aprovado, tornou-se professor da faculdade em setembro daquele ano.

Associando a experiência jornalística à área médica, em 1924 foi redator-chefe do Diário de Medicina. Em 1927, durante o governo de Washington Luís, foi novamente eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro. Reeleito em março de 1930, teve seu mandato interrompido pela revolução que, em outubro, depôs Washington Luís e levou à formação do Governo Provisório chefiado por Getúlio Vargas.

Os rumos tomados pela Revolução de 1930 foram freqüentemente criticados por Maurício de Medeiros em artigos publicados no Diário Carioca e no jornal paulista A Gazeta. Apesar de afastado de atividades políticas desde 1930, e mundialmente conhecido por suas contribuições à psiquiatria, Maurício de Medeiros foi atingido pelas medidas repressivas adotadas pelo governo de Vargas depois da fracassada Revolta Comunista de novembro de 1935. Em abril do ano seguinte foi demitido, junto com vários colegas, do cargo de catedrático de clínica propedêutica médica, que ocupava desde 1934. Só seria reintegrado nessas funções em maio de 1945, por sentença do Poder Judiciário. Voltou à faculdade na cátedra de clínica psiquiátrica em abril de 1946, durante a redemocratização do país que se seguiu à derrubada do Estado Novo. Em setembro desse ano foi nomeado diretor do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em agosto de 1955 tomou posse na cadeira nº 38 da Academia Brasileira de Letras (ABL) e em novembro seguinte foi nomeado ministro da Saúde pelo presidente Nereu Ramos, que atendeu à indicação de Ademar de Barros, líder do Partido Social Progressista (PSP), ao qual Maurício de Medeiros era filiado. Foi mantido nesse cargo pelo presidente Juscelino Kubitschek, que tomou posse em 31 de janeiro de 1956, e em março de 1958 foi designado para integrar uma comissão presidida pelo ministro da Viação, Lúcio Meira, encarregada de coordenar o auxílio à região Nordeste, que sofria os efeitos de uma seca de grandes proporções. Deixou a pasta da Saúde em 3 de julho de 1958, substituído por Mário Pinotti. Em 1962 começou a colaborar com o jornal carioca O Globo, onde assinou urna coluna esporádica sobre assuntos políticos até sua morte, ocorrida no Rio de Janeiro em 23 de julho de 1966.

Membro de inúmeras associações médicas e culturais, nacionais e internacionais, Maurício de Medeiros teve três filhos de seu primeiro casamento com Ana de Medeiros e uma filha em segundas núpcias, com Denise de Medeiros.