Mário Pinotti

  • Mário Pinotti (3° da esq.)  e Cordeiro de Farias (4°), entre outros. Pernambuco, entre fevereiro de 1955 e novembro de 1958. FGV/CPDOC, Arq. Cordeiro de Fárias.

Mário Pinotti nasceu em Brotas (SP) no dia 21 de janeiro de 1894, filho de Rafael Vitório Pinotti e de Precilda Bossel Pinotti. Formou-se em 1914 pela Escola de Farmácia de Ouro Preto (MG) e em 1918 pela Faculdade Nacional de Medicina, no Rio de Janeiro.

Iniciou sua carreira em 1919, como inspetor sanitário rural do Departamento Nacional de Saúde Pública. Em 1922 assumiu a prefeitura municipal de Nova Iguaçu (RJ). De volta ao Departamento Nacional de Saúde, trabalhou na campanha contra a febre amarela de 1928 a 1931. Em 1936, durante a gestão de Gustavo Capanema no Ministério da Educação e Saúde, foi nomeado diretor-assistente do Serviço Nacional de Febre Amarela, e em 1937 passou a inspetor dos Serviços Especiais do Departamento Nacional de Saúde.

Entre 1938 e 1941, durante o Estado Novo, foi diretor-geral do Departamento de Saúde do estado do Rio de Janeiro. Nomeado em 1941 diretor do Serviço Nacional de Peste, assumiu no ano seguinte a direção do Serviço Nacional de Malária, onde permaneceria até 1954. Em 1945 tornou-se também diretor do Departamento Nacional de Saúde.

Durante o segundo governo de Getúlio Vargas, foi nomeado pelo presidente ministro da Saúde. Com o suicídio de Vargas, tomou posse o vice-presidente João Café Filho e, em meio às alterações ministeriais que se sucederam, Pinotti permaneceu no cargo somente até 5 de setembro de 1954.

Em 1956 foi nomeado diretor do Departamento Nacional de Endemias Rurais, organismo que estruturou na gestão de Maurício Campos de Medeiros, ministro da Saúde no governo de Juscelino Kubitschek. De 1957 a 1959, foi presidente da Legião Brasileira de Assistência (LBA).

Ao longo do governo Kubitschek, ass mudança na composição do ministério foram constantes, refletindo a necessidade de conciliar os interesses partidários e saldar os compromissos assumidos na campanha eleitoral. Como em junho de 1958 esgotava-se o prazo previsto pela Lei Eleitoral para a desincompatibilização dos candidatos que iriam concorrer às eleições legislativas de outubro, houve substituições em várias pastas. Pinotti foi assim convidado para substituir Maurício Medeiros em 3 de julho de 1958. Ambos representavam no governo o Partido Social Progressista (PSP), liderado nacionalmente por Ademar de Barros. Em 3 de outubro desse mesmo ano, entretanto, Pinotti candidatou-se a suplente de senador pelo Pará na legenda do PSP. Além de sua chapa ter sido derrotada, o registro de sua candidatura foi posteriormente impugnado, já que ele não se desincompatibilizara, permanecendo no Ministério da Saúde.

Em 1959, a Câmara dos Deputados redigiu uma moção, assinada por 274 parlamentares e encaminhada por Paulo Freire de Araújo, deputado do Partido Republicano (PR) de Minas Gerais, indicando Pinotti para o Prêmio Nobel de Medicina como médico sanitarista que fora durante 40 anos e como criador de um novo método de combate à malária, o "método Pinotti", aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Devido às suas ligações com Ademar de Barros, Pinotti, à frente do Ministério da Saúde, criou dificuldades a solicitações feitas por Jânio Quadros, então governador de São Paulo, mas o presidente Kubitschek interveio, favorecendo assinaturas de vários contratos do Departamento Nacional de Endemias Rurais com o governador paulista. Pinotti acabou por incompatibilizar-se com essa política e foi afastado da pasta da Saúde em 10 de agosto de 1960, substituído por Pedro Paulo Penido, ligado ao Partido Social Democrático (PSD).

Logo após a saída de Pinotti do ministério, Maurício Medeiros escreveu um artigo em que apontava Ademar como o grande causador do afastamento de Pinotti e da perda de representação do PSP no governo, já que o líder do partido vinha lançando seguidos ataques a Kubitschek e ao candidato da situação - o general Henrique Teixeira Lott - à sucessão presidencial. Ao mesmo tempo, Kubitschek instaurou inquéritos para apurar irregularidades na gestão de Pinotti no Ministério da Saúde. No período presidencial de Jânio Quadros, iniciado em janeiro de 1961, os resultados desses inquéritos se tornaram públicos. Em agosto, Pinotti foi um dos indiciados no inquérito realizado no Departamento Nacional de Endemias Rurais, que constatou a prática de irregularidades, e retirou-se da vida pública. Alguns anos depois, esse inquérito foi arquivado por falta de provas.

Pinotti foi membro da Academia Nacional de Medicina, da Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, da Academia Militar de Medicina Militar e da New York Academy of Sciences.

Casou-se com Margarida Pinotti, com quem teve dois filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 3 de março de 1972.