Henrique Teixeira Lott

  • Henrique Teixeira Lott (de boné) e João Goulart durante campanha presidencial. S.I., 22 de maio de 1960. Arquivo Público do Estado de São Paulo/Última Hora.

Henrique Batista Duffles Teixeira Lott nasceu em Sítio (MG), hoje município de Antônio Carlos, no dia 16 de novembro de 1894, filho de Henrique Matthew Lott e de Maria Batista Duffles Teixeira Lott. Em 1905, matriculou-se no Colégio Militar no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Sentou praça em março de 1911 e foi promovido a primeiro-tenente em novembro de 1920. Fez os cursos de engenharia militar, cavalaria e infantaria, em cuja arma obteve o primeiro lugar da turma. Em dezembro de 1927, concluiu o curso da Escola de Estado-Maior do Exército.

Quando irrompeu a Revolução de 1930, Lott servia ainda como instrutor da Escola Militar, onde comandava um batalhão. Em novembro de 1944 foi promovido a general-de-brigada, seguindo logo depois para Santa Maria (RS) como comandante da Infantaria Divisionária (ID/3) local. Estava nesse posto quando, sondado, aquiesceu com o movimento militar que destituiu o presidente Getúlio Vargas no dia 29 de outubro de 1945. Deixou a ID/3 em março de 1946, para comandar a ID/2, em São Paulo. Em dezembro de 1946 foi nomeado adido militar junto à embaixada brasileira em Washington.

No governo de João Café Filho (1954-1955), chefiou o Ministério da Guerra. Em 1955, liderou o Movimento do 11 de Novembro, que garantiu a posse, em 31 de janeiro de 1956, do presidente eleito Juscelino Kubitschek e de seu vice João Goulart.

Mantido no Ministério por Juscelino, Lott logo tratou de retirar o comando de tropas dos oficiais que se opuseram ao 11 de Novembro. Durante sua gestão, enfrentou a revolta de Jacareacanga e reprimiu a manifestação contra o aumento das tarifas de bonde no Rio de Janeiro, ocorrida em maio de 1956. Enfrentou também a oposição do Clube da Lanterna, organização civil de caráter conservador liderada por Carlos Lacerda, que - não obstante suas declarações em contrário e sua oposição ao reatamento de relações comerciais com a União Soviética - freqüentemente o acusava de ligação com os comunistas.

No final de 1956, Lott foi incumbido por Kubitschek, juntamente com os outros ministros militares, de dar um parecer sobre a proposta do governo dos Estados Unidos de instalar uma estação de rastreamento de foguetes no país. Os três ministros militares vetaram o local escolhido, sugerindo a ilha de Fernando de Noronha. Além disso, exigiram especificações a respeito da natureza e do uso dos equipamentos utilizados e um esquema dos trabalhos a serem realizados. O acordo, assinado em dezembro de 1956, garantiu a presença de oficiais brasileiros em todos os setores da base, ficando, entretanto, os Estados Unidos com o direito de manter em segredo vários aspectos do seu plano de operações.

Em maio de 1957 e em maio de 1958, passando por cima das autoridades policiais locais, o Exército interveio colocando tanques nas estradas para impedir o movimento que ficou conhecido como a Marcha da Produção, protesto organizado por cafeicultores contrários à política cambial adotada pelo governo.

Além da defesa da legalidade, Lott marcou sua gestão pelo apoio à causa nacionalista e ao monopólio estatal do petróleo. Transferido para a reserva remunerada no posto de marechal em janeiro de 1959, em fevereiro do ano seguinte deixou o ministério, desincompatibilizando-se para concorrer à eleição presidencial de outubro, a qual, no entanto, foi vencida por Jânio Quadros.
Com a renúncia do presidente Jânio em agosto de 1961, divulgou um manifesto em apoio à posse do vice-presidente João Goulart. Em função deste manifesto, foi imediatamente preso e conduzido à fortaleza de Laje. Da mesma forma, declarou-se contrário ao golpe militar de 1964.

Depois de dez anos inteiramente recolhido à vida privada, em 27 de setembro de 1975 Lott recebeu a Comenda da Escola de Estado-Maior dos Estados Unidos, no consulado norte-americano no Rio de Janeiro. Ao completar 85 anos em novembro de 1979, defendeu publicamente a necessidade e a importância da anistia.

Casou-se duas vezes, em segundas núpcias com Antonieta Duffles de Andrade Lott. Faleceu no Rio de Janeiro em 19 de maio de 1984.