Henrique Fleiuss

  • Henrique Fleiuss discursa na presença de Juscelino Kubitsheck, Nero Moura (3° da esq.) e outros. Rio de Janeiro, entre fevereiro de 1951 e agosto de 1954. FGV/CPDOC, Arq. Nero Moura.

Henrique Fleiuss nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, no dia 1º de setembro de 1904, filho do historiador Max Fleiuss e de Maria Luísa Negreiros Fleiuss. Em 1920 ingressou na Escola Naval. Em 1930,  já como capitão-tenente, passou a integrar o quadro de aviadores da Marinha.

Promovido a capitão-de-corveta, em maio de 1935, fez o curso de comando da Escola de Guerra Naval. Em janeiro de 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica, foi transferido para a Força Aérea Brasileira (FAB), passando a major-aviador. Foi promovido a tenente-coronel-aviador em 1941 e designado chefe de gabinete do Estado-Maior da Aeronáutica (Emaer).

No decorrer de 1948, foi chefe de gabinete do brigadeiro Armando Trompowsky, titular da pasta da Aeronáutica durante o governo do general Dutra. Em 1950, foi promovido a brigadeiro e designado adido aeronáutico junto às embaixadas do Brasil em alguns países europeus. Ao retornar ao Brasil, foi nomeado comandante da Escola de Aeronáutica.

Em março de 1956, substituiu o brigadeiro Vasco Alves Seco como titular da pasta da Aeronáutica. Sua posse ocorreu no início do governo do presidente Kubitschek, pouco depois da Revolta de Jacareacanga. A substituição do brigadeiro Seco, impopular entre os oficiais, aliada à anistia concedida aos revoltosos, foi vista como um gesto de boa vontade de Kubitschek. Ao ser empossado no ministério, Fleiuss prometeu fazer todo o possível para "trazer a harmonia à Aeronáutica".

Ainda em 1956, o governo norte-americano, alegando o fortalecimento bélico da União Soviética, encarregou seu embaixador no Brasil, Ellis Briggs, de pleitear, junto às autoridades brasileiras, a instalação de uma estação de rastreamento de foguetes em Pernambuco. O presidente Kubitschek submeteu o assunto aos três ministros militares - o brigadeiro Fleiuss, da Aeronáutica, o general Henrique Teixeira Lott, da Guerra, e o almirante Antônio Alves Câmara, da Marinha - que vetaram o local estabelecido, sugerindo a ilha de Fernando de Noronha. Exigiram ainda especificações sobre a natureza e o uso dos equipamentos utilizados e um esquema dos trabalhos a ser desenvolvido. Após uma série de discussões, os militares conseguiram garantir a presença de oficiais brasileiros em todos os setores da base, ainda que afastados da posse de alguns segredos militares. Em dezembro de 1956, os dois países assinaram um tratado - conhecido como Tratado de Fernando de Noronha - baseado nos termos e resoluções do Tratado Internacional de Assistência Recíproca (TIAR), de 1947, e do Acordo de Assistência Militar, de 1952. Em troca da base, o Brasil receberia cem milhões de dólares em material para reaparelhar suas forças armadas.

Datam também de sua gestão o contrato com a Sociedade Construtora Aeronáutica Neiva (em Botucatu, SP) para a fabricação de 250 aviões Paulistinha 56 e a criação de uma linha mensal do Correio Aéreo Nacional para dar apoio ao batalhão do exército brasileiro sediado na região de Suez.

Fleiuss deixou o Ministério da Aeronáutica em julho de 1957. Em agosto de 1958, foi promovido a major-brigadeiro e em dezembro assumiu a presidência do Conselho Nacional do Petróleo (CNP), função que exerceu até 1961.

Partidário do movimento que depôs o presidente João Goulart, em abril de 1964 assumiu o cargo de chefe do Emaer e em fevereiro de 1965 assumiu o comando da Escola Superior de Guerra (ESG). Permaneceu no cargo até setembro de 1966. Neste último mês passou à reserva com a patente de marechal-do-ar.

Dedicou-se a partir de então à iniciativa privada. Por ocasião da criação do Conselho Superior do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, em 1987, foi eleito seu conselheiro vitalício.
Henrique Fleiuss casou-se com Déa Fleiuss. Faleceu no Rio de Janeiro em 15 de abril de 1988.