Clóvis Salgado

Clóvis Salgado da Gama nasceu em Leopoldina (MG) no dia 20 de janeiro de 1906, filho de Luís Salgado Lima e de Virgínia da Gama Salgado. Formando-se em Medicina em 1929, iniciou suas atividades profissionais como assistente de cirurgia e ingressou na vida política, fundando e dirigindo o jornal Nova Fase.

Filiou-se ao Partido Republicano Mineiro (PRM), pelo qual candidatou-se às eleições para a Assembléia Nacional Constituinte realizadas em maio de 1933, obtendo uma suplência.

Depois da instauração do Estado Novo em 1937, passou a dedicar-se ao magistério. Foi também um dos organizadores da Cruz Vermelha em Minas Gerais, para a qual fundou e organizou uma escola de enfermagem. A partir de 1944 foi diretor do Hospital São Vicente de Paula e do Hospital das Clínicas da Universidade de Minas Gerais.

Em 1950 elegeu-se vice-governador do estado de Minas Gerais na legenda do Partido Republicano (PR), em chapa com Juscelino Kubitschek, eleito governador. Em 1955, antes de completar o mandato estadual, Kubitschek resolveu candidatar-se à presidência da República e renunciou ao cargo. Clóvis Salgado assumiu o governo de Minas.

Dois meses depois, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) mineiro rompeu oficialmente com o governo de Clóvis Salgado, depois que o PR se recusou a apoiar a candidatura de João Goulart a vice-presidente na chapa de Juscelino. Em meados de 1955, acionando a Polícia Militar, Clóvis Salgado tomou uma série de medidas ligadas à mobilização e reforço das forças policiais tendo em vista o acirramento das disputas eleitorais.

Como governador deu atenção especial à educação e à saúde, promovendo a criação do Departamento de Saúde Pública e do Departamento Social do Menor. Participou da elaboração de um novo código do ensino primário e favoreceu a criação de numerosos colégios estaduais e cursos de segundo ciclo nas escolas normais oficiais. Foi um dos fundadores da Universidade Mineira de Arte e presidente da Cultura Artística de Minas.

Em 1956, quando Juscelino Kubitschek assumiu a presidência, Clóvis Salgado tomou posse como ministro da Educação e Cultura. Com o intuito de estabelecer uma adequação entre o sistema educacional e as transformações que se operavam no país, promoveu a reestruturação desse sistema com o programa "Educação para o desenvolvimento", que configurava 12 proposições cujas diretrizes seriam capazes de reformular os ensinos secundário e superior. Durante sua gestão, dispensou especial atenção ao ensino técnico-profissional. Concedeu incentivos à Campanha Nacional de Teatro, à construção da Casa do Estudante do Brasil em Paris e ao projeto de um estabelecimento idêntico em Madri.

Em julho de 1960 Clóvis Salgado deixou o ministério, desincompatibilizando-se para disputar as eleições de outubro seguinte, quando Jânio Quadros foi eleito presidente da República. Nesse mesmo pleito voltou a eleger-se vice-governador do estado de Minas Gerais na legenda do PR. Depois de eleito, reassumiu, ainda em outubro, o Ministério da Educação e Cultura, permanecendo no posto até o final do governo Kubitschek, em janeiro de 1961. Apoiou o movimento político-militar de 31 de março de 1964 que destituiu o presidente João Goulart.

Entre 1964 e 1968 foi membro do Conselho Federal de Educação. Em abril de 1967, assumiu a Secretaria de Saúde de Minas Gerais, afastando-se do cargo em março de 1971. Em 1973, assumiu a direção da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), cargo que exerceu até 1976.

Casou-se com a cantora lírica Lia Portocarrero de Albuquerque Salgado, com quem teve três filhos. Faleceu em Belo Horizonte no dia 25 de julho de 1978.