Canrobert Pereira da Costa

  • Cristiano Machado (1° da esq.), Eurico Gaspar Dutra (2°) e Canrobert Pereira da Costa(4°) durante parada militar. Rio de Janeiro, 7 de setembro de 1950. FGV/CPDOC, Arq. Cristiano Machado.

Canrobert Pereira da Costa nasceu no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, em 18 de outubro de 1895, filho de Francisco Pereira da Costa Filho e de Júlia Amélia Coutinho da Costa. Em 1914 ingressou na Escola Militar do Realengo e em fevereiro de 1918 saiu aspirante-a-oficial da arma da artilharia. Em março de 1922 ingressou no curso da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e um ano depois na Escola de Estado-Maior do Exército. Em janeiro de 1926 concluiu o curso da Escola de Estado-Maior e, durante os anos de 1928 e 1929, foi instrutor da EsAO.

Promovido a major em abril de 1932, comandou o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro e foi diretor de ensino da Escola de Artilharia, na mesma cidade. Em janeiro de 1935 tornou-se subdiretor de estudos da Escola de Estado-Maior do Exército, e em setembro seguinte foi promovido a tenente-coronel. Nomeado em 1937, chefe de gabinete do ministro da Guerra, general Eurico Dutra, passou a coronel no início de maio de 1938. Em julho, assumiu o comando do 9º Regimento de Artilharia Montada, com sede em Curitiba, e aí permaneceu até janeiro de 1939. Em março desse ano, tornou-se chefe de gabinete do Estado-Maior do Exército (EME).

Promovido a general-de-brigada em maio de 1942, Canrobert deixou a chefia de gabinete do EME no mês seguinte para comandar a 3ª Divisão de Cavalaria, com sede em Bajé (RS). Em 1943 passou a dirigir a Comissão de Promoções do Exército até viajar para os Estados Unidos em outubro, a fim de fazer o curso de comando de Fort Leavenworth e estagiar no Exército norte-americano. De volta ao Brasil em janeiro de 1944, tornou-se secretário-geral do Ministério da Guerra. Em 1945, deixou a Comissão de Promoções do Exército e passou a integrar a Comissão de Planejamento Econômico do Conselho de Segurança Nacional, sem prejuízo de suas funções no ministério.

Em 1945, substituiu o general Góis Monteiro no Ministério da Guerra. Respondeu pelo ministério até 31 de janeiro de 1946, quando José Linhares passou o governo ao general Dutra. Nessa data, Góis Monteiro foi reconduzido à pasta da Guerra e Canrobert voltou a desempenhar as funções de secretário-geral, até agosto de 1946, quando foi promovido a general-de-divisão. Com o pedido de exoneração de Góis Monteiro, assumiu em outubro o Ministério da Guerra em caráter efetivo.

Com o início do segundo governo constitucional de Vargas em janeiro de 1951, Canrobert foi substituído por Estillac Leal no Ministério da Guerra. Em abril, recebeu o comando da Zona Militar Norte, atual IV Exército, com sede em Recife. Ligado ao setor das forças armadas que fazia oposição ao governo de Vargas, integrou a Cruzada Democrática, movimento organizado em março de 1952 com o objetivo principal de disputar a direção do Clube Militar com os nacionalistas. Em setembro de 1952, Canrobert deixou a Zona Militar Norte e assumiu a chefia do Departamento Técnico de Produção do Exército (atual Departamento de Engenharia e Comunicações), com sede no Rio.

Com a morte de Vargas e a posse do vice-presidente Café Filho, em agosto de 1954, Canrobert foi nomeado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas. Em janeiro de 1955, juntamente com Juarez Távora, Eduardo Gomes e o ministro da Guerra, Henrique Teixeira Lott, entre outros, assinou um documento que atestava o apoio das forças armadas ao lançamento de um candidato civil de união nacional, tendo em vista as eleições presidenciais de outubro. Essa posição contrariava as pretensões do governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek, que tivera sua candidatura lançada extra-oficialmente pela direção nacional do PSD em novembro de 1954. Considerado excessivamente comprometido com a política varguista, Kubitschek sofria cerrada oposição da União Democrática Nacional (UDN) e da ala conservadora das forças armadas, contrárias à sua candidatura.

A crise político-militar agravou-se no mês de agosto. No dia 5, por ocasião do primeiro aniversário da morte do major Rubens Vaz, Canrobert proferiu um longo discurso no Clube de Aeronáutica contra a candidatura de Kubitschek. Suas palavras causaram grande impacto, e alguns parlamentares chegaram a pedir sua prisão ao presidente Café Filho.

Esse foi o último episódio marcante da atuação política de Canrobert, que faleceu no Rio de Janeiro em 31 de outubro de 1955, pouco depois de retornar dos Estados Unidos, onde se submetera a tratamento médico. Durante seu sepultamento no dia 1º de novembro, o coronel Jurandir de Bizarria Mamede, em nome do Clube Militar, fez violento discurso contra a posse de Kubitschek - eleito em 3 de outubro - na presidência. O incidente desencadeou uma grave crise político-militar que resultou no Movimento do 11 de Novembro, o qual garantiu a posse de Kubitschek e de seu vice João Goulart.

Canrobert Pereira da Costa foi promovido a marechal post mortem por um decreto de 18 de novembro de 1959. Foi casado com Anadina Tumba Pereira da Costa, com quem teve dois filhos.