Benedito Valadares

  • Benedito Valadares (2° da esq. p/dir.) e dom Antônio Cabral entre outros assistem ao discurso de Juscelino Kubitshek. MInas Gerais, s.d. FGV/CPDOC, Arq. Benedito Valadares.

Benedito Valadares Ribeiro nasceu em Pará de Minas (MG) no dia 4 de dezembro de 1892, filho de Domingos Justino Ribeiro e de Antônia Valadares Ribeiro. Diplomou-se pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro em 1920. Antes, havia concluído o curso da Faculdade de Odontologia de Belo Horizonte, mas nunca exerceu a profissão. Regressou à sua cidade natal após concluir seus estudos e ali iniciou sua carreira política como vereador.

Em 1930 apoiou a candidatura presidencial de Getúlio Vargas, lançada pela Aliança Liberal. Era prefeito de Pará de Minas quando o movimento revolucionário que levou Vargas ao poder foi deflagrado, em outubro de 1930.

Íntimo colaborador do governador mineiro Olegário Maciel, participou do combate à Revolução Constitucionalista de 1932. No ano seguinte, filiado ao Partido Progressista (PP), foi incluído na chapa do partido e concorreu às eleições para a Assembléia Nacional Constituinte mas foi derrotado. Só obteve seu mandato nas eleições suplementares realizadas meses depois.

Em setembro de 1933, a política mineira foi abalada pela morte do governador Olegário Maciel. Para a sua sucessão apresentaram-se dois fortes candidatos: Gustavo Capanema, que havia assumido o governo interinamente, e Virgílio de Melo Franco, importante articulador do movimento revolucionário de 1930, que desde então pleiteava junto a Vargas sua nomeação como interventor federal no estado. A importância de Minas Gerais no cenário político nacional atraía a atenção de políticos de outros estados para a sucessão estadual. Assim, enquanto Capanema recebia o apoio decidido do governador gaúcho Flores da Cunha, Virgílio de Melo Franco era apoiado pelo ministro Osvaldo Aranha. Pressionado, Vargas surpreendeu a todos ao indicar para o cargo Benedito Valadares, político de pouca expressão e completamente desvinculado das facções em disputa. Nos anos seguintes, Valadares se tornaria um dos mais fiéis aliados de Vargas nos embates políticos travados pelo presidente.

Em abril de 1935, Benedito Valadares foi eleito pelos deputados constituintes mineiros governador constitucional do estado. Esteve, nos anos seguintes, no primeiro plano das articulações para a sucessão presidencial, prevista para janeiro de 1938. Acabou, porém, por apoiar o projeto continuísta de Vargas, que em novembro de 1937 cancelou as eleições e instaurou o Estado Novo. Foi confirmado à frente do governo mineiro, onde permaneceu até outubro de 1945, quando Vargas foi deposto, consolidando sua imagem de político hábil.

Após o fim do Estado Novo, ingressou no Partido Social Democrático (PSD), agremiação organizada a partir do prestígio que os antigos interventores ainda detinham, e deu apoio decidido à candidatura presidencial vitoriosa do general Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro da Guerra de Vargas. Exerceu, inclusive, a presidência nacional do PSD por alguns anos.

Em fevereiro de 1946, assumiu seu mandato de deputado federal constituinte, para o qual havia sido eleito em dezembro do ano anterior. Em 1947, foi derrotado na disputa de uma vaga no Senado Federal por Minas Gerais. Reelegeu-se para a Câmara Federal em 1950 e, em 1954, obteve finalmente o mandato de senador, que foi renovado em 1962.

Em 1964, apoiou o golpe que afastou João Goulart da presidência da República. Em seguida, defendeu o apoio do PSD à ditadura militar. Em 1966, após a extinção dos antigos partidos pelo Ato Institucional no 2 (AI-2), ingressou na Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação do regime. Deixou o Senado no início de 1971, quando encerrou sua carreira política.

Casou-se com Odete Pinto Valadares, com quem teve duas filhas. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 2 de março de 1973.