Amauri Kruel

  • Floriano Brayner (1° da esq.), Odylio Denys (2°), Amauri Kruel (3°) e Augusto do Amaral Peixoto (4°), entre outros. Rio de Janeiro, s.d. FGV/CPDOC, Arq. Augusto do Amaral Peixoto.

Amauri Kruel nasceu em Santa Maria (RS) no dia 11 de abril de 1901, filho do fazendeiro José Carlos Kruel e de Ana Weber Kruel. Cursou a Escola Militar do Realengo, no Rio de Janeiro, de onde saiu aspirante-a-oficial da arma de cavalaria em janeiro de 1921. Participou da Revolução de 1930, foi membro do Clube 3 de Outubro e diretor de  trânsito do Distrito Federal durante a interventoria de Pedro Ernesto Batista. Em 1933, concluiu o curso da Escola de Estado-Maior do Exército.

Durante a Segunda Guerra Mundial, integrou o Estado-Maior Divisionário e o Estado-Maior Especial da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Na Itália, teve destacada participação nas conquistas de Coreglia, Monte Castelo e Castelnuovo, e chefiou a 2ª Seção do Estado Maior, na qual criou o Serviço de Contra-Informação. Com o fim da guerra em 1945, foi condecorado pelo general norte-americano Mark Clark.

De volta ao Brasil, em outubro de 1945 foi nomeado chefe do Estado-Maior da Inspetoria da Arma de Cavalaria, cargo que deixou, dois meses depois, para tornar-se adjunto do adido militar na embaixada do Brasil em Londres. Nos anos seguintes, exerceu várias funções militares.

Em fevereiro de 1954, foi o primeiro signatário do Manifesto dos coronéis, documento que criticava a política econômica do presidente Getúlio Vargas e rejeitava a proposta de elevação do salário mínimo em 100% sugerida pelo ministro do Trabalho, João Goulart. Em março, foi promovido a general-de-brigada, tornando-se o mais jovem general brasileiro. Nessa ocasião, exercia o comando da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria. Assumiu em dezembro o comando da 1ª Divisão de Cavalaria, posto que deixou, em 1955, para chefiar o Estado-Maior da Zona Militar Sul.

Em 1956, foi designado comandante da Infantaria Divisionária da 1ª Divisão de Infantaria, na Vila Militar, no Rio. Em maio de 1957, foi nomeado chefe do Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), órgão que antecedeu o Departamento de Polícia Federal (DPF). Exonerou-se em julho de 1959, após um incidente com o deputado federal da União Democrática Nacional (UDN) Geraldo de Meneses Cortes, membro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instituída para apurar atos de corrupção no DFSP.

Nomeado em seguida comandante da Divisão Blindada, deixou o cargo poucos dias depois para seguir para Nova Iorque como assessor militar do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Retornou ao país no mês seguinte à posse de Jânio Quadros na presidência da República, ocorrida em janeiro de 1961, e em julho foi nomeado embaixador do Brasil na Bolívia. No entanto, diante da renúncia de Jânio em 25 de agosto seguinte, recusou-se a assumir o posto.

Com a posse do vice-presidente João Goulart e a adoção do sistema parlamentarista, assumiu, em setembro de 1961, a chefia do Gabinete Militar da Presidência da República, cargo que ocupou até setembro do ano seguinte, quando foi indicado para assumir o Ministério da Guerra, no gabinete chefiado pelo primeiro-ministro Hermes Lima.

Demitido da pasta da Guerra em junho de 1963, ainda nesse ano foi promovido a general-de-exército e assumiu o comando do II Exército, com sede em São Paulo. À frente do II Exército, participou do movimento político-militar que em 31 de março de 1964 destituiu João Goulart. Em meio às articulações para a escolha do novo presidente da República, seu nome chegou a ser lançado por alguns deputados e vereadores de São Paulo. Em 1966, passou para a reserva, promovido a marechal. Lançou em seguida um manifesto criticando os rumos tomados pelo regime.

Em 1966, obteve uma suplência de deputado federal pelo estado da Guanabara na legenda do partido oposicionista, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Assumiu uma cadeira na Câmara em abril do ano seguinte e exerceu o mandato até o fim da legislatura, em janeiro de 1971. Afastando-se da vida pública, dedicou-se a partir de então a atividades privadas e empresariais.

Casou-se em primeiras núpcias com Cândida Cezimbra Kruel, com quem teve um filho. Casou-se pela segunda vez com Maria Helena Kruel. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 23 de agosto de 1996.