Álvaro de Barros Lins

Álvaro de Barros Lins nasceu em Caruaru (PE) no dia 14 de dezembro de 1912, filho de Pedro Alexandrino Lins e de Francisca de Barros Lins. Bacharelou-se em direito e em 1932 ingressou no magistério. Logo em seguida iniciou a carreira jornalística como redator do Diário de Pernambuco. Em outubro de 1934 foi convidado por Carlos de Lima Cavalcanti, interventor e depois governador de Pernambuco, para ocupar a Secretaria de Governo.

Seu nome fazia parte da chapa do Partido Social Democrático de Pernambuco, fundado por Lima Cavalcanti, para disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados nas eleições de 1938. No entanto, o golpe que instaurou o Estado Novo em novembro de 1937 suspendeu as eleições. Com isso, Álvaro Lins deixou a Secretaria de Governo e abandonou seus planos políticos, voltando-se para o exercício da crítica literária. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1940 e começou a trabalhar no Correio da Manhã.

Em janeiro de 1946 foi convidado para ser consultor técnico da Divisão Cultural do Itamarati. Lá permaneceria até 1952, quando passou a lecionar na Universidade de Lisboa. De volta ao Brasil em agosto de 1954, devido à crise desencadeada pelo suicídio de Vargas, reassumiu a atividade de jornalista e a cátedra de literatura no Colégio Pedro II. Em abril de 1955 entrou para a Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira número 17, vaga com a morte de Edgar Roquete Pinto.

Participou ativamente, como jornalista e como político, da luta para garantir a posse de Juscelino Kubitschek na presidência da República em 1956. Nessa época, trabalhando ainda no Correio da Manhã, afastou-se da crítica literária para assumir a direção política do jornal. Convidado por Juscelino para chefiar seu Gabinete Civil, em novembro deixou o cargo para assumir a embaixada do Brasil em Lisboa.

Pouco depois de sua chegada a Lisboa, o presidente de Portugal Francisco Higino Craveiro Lopes visitou o Brasil e estabeleceu, na ocasião, os termos dos atos de regulamentação do Tratado de Amizade e Consulta entre Brasil e Portugal. Álvaro Lins considerava tal acordo "lesivo aos interesses do Brasil". Suas posições tornariam inevitável seu choque com a ditadura salazarista e o colonialismo por ela sustentado. O impasse foi criado quando, no início de 1959, a embaixada brasileira concedeu asilo ao líder oposicionista português, general Humberto Delgado. Esse asilo, homologado pelo Itamarati como uma decisão do governo brasileiro, não foi reconhecido pelo governo de Portugal, o que consistiu, nas palavras de Álvaro Lins, um "flagrante desacato" ao próprio governo Kubitschek.

Sentindo-se nesse episódio abandonado por não ter podido contar com o presidente Kubitschek "para desagravá-lo e desafrontar a representação do Brasil em Lisboa", Álvaro Lins protestou com veemência quando uma comissão especial do governo português chegou ao Rio de Janeiro com o objetivo de convidar Kubitschek para participar dos festejos henriquinos em Portugal na condição de co-anfitrião e co-chefe de Estado português. Juscelino não só aceitou o convite como solicitou que Portugal concedesse asilo político em seu território ao ditador Fulgencio Batista, deposto pela Revolução Cubana em janeiro de 1959.

Pouco tempo depois, descontente com a posição assumida por Juscelino, Álvaro Lins escreveu-lhe uma carta rompendo política e pessoalmente com o presidente e condenando seu "compromisso com a ditadura salazarista". Acusava a política do governo Kubitschek de "cumplicidade com as ditaduras, de maneira particular com a de Portugal, a do Paraguai e a da República Dominicana".

Ainda em 1959 foi exonerado da embaixada em Portugal. Porém, antes de deixar seu posto em Lisboa, devolveu ao governo português a condecoração da Grã-Cruz da Ordem de Cristo, que lhe fora conferida pelo presidente Craveiro Lopes. De volta ao Brasil, recolheu-se à sua cátedra de literatura. Em 1960 publicou Missão em Portugal, relato do dia-a-dia de sua experiência na embaixada em Lisboa. Nesse livro, que lhe valeu o prêmio Jabuti, foi publicada também sua carta de rompimento com Juscelino Kubitschek.
De 1961 a 1964, Álvaro Lins dirigiu o suplemento literário do Diário de Notícias do Rio de Janeiro.

Casou-se com Heloísa Ramos Lins, com quem teve dois filhos. Faleceu no Rio de Janeiro no dia 4 de junho de 1970.

FONTE: Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro Pós-30. 2.ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2001. 5v. il.